Arroio do Meio – Iniciativa proposta pelo vereador Carlos Hollmann (PP), visa inserir trabalhadores haitianos na sociedade local, nos âmbitos culturais e legais. O projeto foi idealizado há cerca de 45 dias, quando Hollmann preocupado com a situação destes 28 estrangeiros na comunidade começou a planejar um programa de integração.
Entre as atividades estão cursos em sala de aula, que englobam a língua portuguesa, a legislação brasileira – os direitos e deveres na cidadania –, além de noções básicas de acesso a serviços de utilidade pública. Da mesma forma também estão sendo preparadas ações de entretenimento.
O projeto tem apoio da Dália Alimentos, indústria onde os haitianos trabalham, que vai pagar parte das despesas com o corpo docente, Comunidade Evangélica Luterana São Paulo, que disponibilizou uma sala de aula, Livraria Comann e Lojas Oba Oba, que doaram material escolar, prefeitura que vai disponibilizar acervo didático, Lotérica Hollmann que oferecerá serviços de fotocópia e Brigada Militar que realizará palestras sobre a parte legal.
Conforme o vereador, o envolvimento de mais parceiros é essencial para cobrir as demais despesas dos profissionais envolvidos. Os encontros iniciaram nesta semana e ocorrem nas terças e quintas-feiras de manhã, nas quintas e sextas-feiras à noite, e aos domingos pela manhã. Os cursos estão sendo lecionados pela professora de idiomas Marlise Fernandes, com apoio da pedagoga Fernanda Bergonsi Hollmann e participação de outros voluntários. A duração é de seis meses.
“Não havia como deixar do jeito que estava. Eles viajaram milhares de quilômetros, de navio, ônibus, a pé na selva amazônica, foram assaltados por policiais peruanos, alguns morreram pelo caminho, são guerreiros, lutaram pela sobrevivência. Agora eles vivem numa solidão social, sentem falta da família, esposas, namoradas e filhos, para quem enviam dinheiro e futuramente tem a intenção de trazer para cá. Por isso é importante criar uma estrutura para recebê-los de forma digna, evitando com que isso se torne um problema futuro”, relata.
Hollmann explica que estes estrangeiros foram enviados para o Brasil por meio da missão de paz das Forças Armadas Brasileiras no Haiti. A maioria foi selecionada – tinha uma qualificação diferenciada. Entretanto questiona a falta de preparo da embaixada brasileira na hora de recrutar e preparar a vinda destas pessoas. “Inicialmente estavam clandestinos, liberaram os vistos, mas não criaram um programa de assistência”, indaga. Ainda há a suspeita de que muitos estejam trabalhando em condições desumanas e de escravatura em outras regiões do país.
A professora de idiomas Marlise Fernandes, explica que o português será ensinado aos haitianos enquanto idioma estrangeiro. Sendo que a maioria deles já fala outros idiomas além do crioulo (a língua mãe do país que é uma mistura de dialetos), como francês, espanhol e inglês. “Lá, alguns eram bem sucedidos, trabalhavam como professores, marceneiros, no ramo de informática, negócios, entre outros”, revela.
O bom desempenho dos estrangeiros nos cursos está surpreendendo os organizadores do projeto, que o vislumbram como uma etapa preparatória para o Ensino de Jovens e Adultos (Eja), tendo em vista a continuidade na qualificação deles. Outro fato importante ressaltado pelos organizadores é o intercâmbio cultural entre as duas nações.