Nesta semana apresentamos a opinião da presidente da Fundação Thiago de Moraes Gonzaga, Diza Gonzaga, coordenadora estadual do programa Vida Urgente. “Neste momento em que vivemos uma grande movimentação da sociedade é importante fazermos a reflexão de qual é a nossa motivação para contribuirmos com as mudanças que queremos para nosso país. O quanto estamos dispostos a mudar? O que cada um de nós pode fazer para deixarmos de ser o país do ‘jeitinho’? Afinal, as atitudes que condenamos nos políticos e que queremos banir do nosso país não são muito diferentes das do cidadão que fura a fila; joga lixo no chão e quando está ao volante, não raras vezes, coloca a sua vida e a de outras pessoas em risco. Nesses anos de caminhada com o Vida Urgente, participamos e acompanhamos os avanços que a sociedade obteve. Há mais de dez anos, quando nossos jovens voluntários saíam nas madrugadas pelos bares, com uma borboleta no peito e um bafômetro na mão, enfrentavam o desafio de mostrar aos frequentadores que bebida e direção são uma dupla de morte. Não era fácil, pois o que mais ouvíamos era: ‘Eu até dirijo melhor quando bebo’. Hoje, estudo da Fundação Getúlio Vargas aponta que 90% das pessoas julgam incorreta tal atitude. Usar o cinto já é uma realidade que a maioria não abre mão, embora ainda esteja restrito a passageiros do banco da frente. Mudar uma cultura é um grande desafio, e tem que ser feito com humildade, pois a mudança só é possível com a participação efetiva da sociedade; não acontece do dia para a noite e nem por decreto. Temos muito trabalho pela frente, a questão do trânsito envolve educação – esta é a nossa parte. Precisamos que os governos também façam a sua: fiscalização eficiente e engenharia de trânsito compatível com a segurança para a preservação da vida. Não podemos nos conformar com a ‘curva da morte’ ou a ‘estrada do inferno’, como se perder a vida nesses locais fosse destino ou fatalidade de quem por ali passar. Levante ‘seu cartaz’ para mostrar o quanto podemos ser civilizados e cuidar de nossa vida e da de quem amamos. Não incentive àqueles que se sentem orgulhosos por andar em alta velocidade e se consideram o ‘braço’, ‘os donos da direção’, que bebem e dirigem, pois não merecem aprovação. Este país que está mostrando a sua cara, como nos versos de Cazuza, tomando as ruas com a força e a vitalidade da juventude, reforça a minha fé nos jovens. Creio em sua verdade, sua alegria e sua imensa capacidade de sonhar e transformar.