Estamos em pleno mês em que as manifestações de apreço às tradições do Rio Grande do Sul afloram por todas as esquinas. Prendas, peões, todos procuram enaltecer os “heróis” farrapos, desfilando pilchados, a cavalo, com uma cuia de chimarrão em punho, cantando o Hino Rio-grandense com todo o vigor, embora muitos ainda não saibam avaliar os resultados do embate de 1835. Até aí dá para entender, afinal, criam-se mitos em cima de fatos e que, com o tempo, acabam se perpetuando. A história do Brasil está cheia disso: heróis de outrora e de agora, muitos contestáveis. Porém, tirando o lado festivo e comemorativo, o que temos que ter cuidado é com o preconceito com nossos irmãos brasileiros e que, muitas vezes, pode virar xenofobia. Até um tempo atrás se falava de boca cheia que falcatruas na política e órgãos públicos eram coisa do centro e nordeste do país. O Rio Grande amado era habitado somente por gente honesta. Puro engano, pois recentes fatos mostram que não somos tão santos assim. Quando nos referimos à hospitalidade, aqui é o paraíso, todos são bem recebidos, somos um povo alegre e gentil. Tem vivente que pensa em até formar um novo país. E por aí vai. Enquanto convivemos sonhando com esta utopia, nosso Estado, a cada ano, perde alguma posição em educação, saúde, transporte, segurança, etc. E continuamos nos achando os maiorais alardeando aos quatro campos que nossas façanhas sirvam de modelo a toda terra. Temos que ter orgulho sim, da terra em que vivemos, mas sem esquecer que não somos nem piores e nem melhores que nossos irmãos brasileiros. Que adoramos as praias do Nordeste, que São Paulo é a máquina que movimenta a economia do país, que o Rio de Janeiro é a cidade maravilhosa, que lá no Centro-Oeste e Norte do país temos familiares ajudando a construir uma nação. Temos que ter orgulho sim, em sermos gaúchos, mas um orgulho que não se manifeste somente na Semana Farroupilha. Se amamos nosso chão, este amor tem que ser manifestado ao longo dos 365 dias do ano, sem ostentação, sem necessidade de prova. E embora seja uma tradição, somente a pilcha não define amor ao Rio Grande. Este amor aos pagos é muito maior que uma vestimenta. Vai um mate ai?