O assessor superior da Secretaria de Estado do Gabinete dos Prefeitos e Relações Federativas, Adeli Sell, provocou os prefeitos a saírem do lugar comum. Em visita ao Vale do Taquari na última sexta-feira, disse que é preciso ousar e sair da mesmice. Apontou a produção de alimentos e o turismo como duas maneiras da região se sobressair aos demais municípios do Estado.
Adeli esteve com prefeitos e vices de vários municípios e nos quatro que integraram o roteiro – Arroio do Meio, Roca Sales, Muçum e Estrela – afirmou que as Administrações precisam ter foco. E não se trata a curto prazo.
Para ele é necessário que os prefeitos, principalmente os de primeiro mandato, tracem perspectivas para um período maior, que vai de oito a 16 anos. “Uma gestão sem foco é uma Administração perdida. É preciso ter objetivos claros e precisos. O mundo moderno não comporta mais a mesmice nas Administrações.” Nesse quesito, colocou o a produção de alimentos e o turismo como bandeiras que podem ser levantadas pelo Vale.
Em relação aos alimentos, frisou que é inadmissível que o Estado tenha que trazer de fora hortifrutigranjeiros e flores. Porto Alegre é a cidade brasileira que, per capita, mais gasta em flores. “E nós compramos flores de outros estados. Isso não pode acontecer. Temos que produzir aqui, dar condições para quem quer produzir”, afirma.
Assim, o investimento e o incentivo à produção de frutas, verduras, legumes e flores poderiam ser boas opções para os municípios. Defendeu que se invista um pouco menos nos produtos que são exportados, como a soja, e se passe a usar o solo gaúcho para produzir mais alimentos, necessários todos os dias na mesa do consumidor.
Também frisou que é preciso investir na qualificação e na renovação da mão de obra e chamou atenção para o envelhecimento da população rural. Essa produção diferenciada de alimentos poderia ser, segundo Adeli, uma forma de manter os jovens no meio rural. Ele acredita que muitos se interessariam por trabalhar em hortas, com uma boa estrutura e equipamentos para ajudar na lida diária. Disse ainda que o governo trabalha no sentido de tentar agilizar a liberação de recursos de financiamentos da agricultura familiar. Hoje há instituições bancárias que demoram até seis meses para liberar o dinheiro, o que desestimula o agricultor.
Em relação ao turismo Sell observou que a região é abundante em áreas verdes e água, o que possibilita o turismo de lazer. Contudo, é preciso discutir a questão com seriedade e associativismo entre os municípios. Para ele é necessário se pensar num plano diretor de turismo que envolva vários municípios, pois nenhum conseguirá vencer nesta área sozinho. Sugeriu que se aprimore atrativos e que se pense numa política para trazer à região aposentados da capital, por exemplo. Seriam atividades de um dia, ou dois, com um café da manhã na Casa do Mel, com visitas a diferentes municípios e atrativos e com um almoço diferente. “As pessoas querem comer algo diferente do que encontram na sua cidade. A gastronomia tem que ser um diferencial. Se o café da manhã foi bom, o almoço tem que ser diferenciado também”.
O roteiro deve incluir muitas opções de compra de produtos coloniais. “As pessoas devem sair da região de sacolas cheias, com comida para vários dias”. Para que isto ocorra, o assessor diz que é preciso pensar políticas públicas associadas com a iniciativa privada. Sem essa parceria, o turismo não se desenvolve. A ideia é de que os municípios ofereçam a estrutura e a iniciativa privada se encarregue de organizar roteiros e captar turistas.
Para Sell a inovação por parte dos municípios é plenamente possível. Basta que os prefeitos tenham foco e busquem fazer de seus mandatos e o dos seus sucessores, um projeto maior. Há recursos e o governo está empenhado em auxiliar no desenvolvimento dos municípios.