Arroio do Meio – A médica cubana Maria del Carmo Rodil Castelo completa o primeiro mês em contato com os brasileiros. Resolvidas as questões burocráticas, ela parte agora para a interação com a comunidade. A profissional elogia o sistema de saúde local e confessa que difícil mesmo é conviver com a saudade da família.
O início dos trabalhos da médica cubana estava previsto para o dia 16 de dezembro. O atraso na chegada do registro, porém, adiou para o início de janeiro. Natural de Havana, a profissional de saúde de 51 anos atua pela terceira vez fora de Cuba. Antes do Brasil, Maria del Carmo trabalhou no Paraguai, em 2000, e na Bolívia, em 2006.
Em agosto deste ano ela completa 30 anos de profissão. “Me formei em Medicina em 1984, e fiz parte da primeira turma de especialização em medicina familiar”, conta Maria. Ter vindo para o sul foi uma surpresa para ela. A preparação que o grupo ao qual a médica pertencia recebeu treinamento para atuar nas regiões norte e nordeste do Brasil.
“Encontrei aqui uma realidade completamente diferente do que esperava. Fomos treinados para a situação do norte brasileiro, que é absolutamente precária”, disse. Segundo ela, o cenário da saúde local muito se assemelha a Cuba. “Poucos detalhes diferenciam Arroio do Meio, em termos de saúde, do meu país.” Segundo Maria del Carmo, o relato de alguns colegas que atuam nas outras regiões é de que o sistema de saúde precisa de muito mais atenção.
Ao falar sobre a família, a médica encheu os olhos d’água e precisou pausar a fala. Casada e mãe de um rapaz, recém formado em Odontologia, ela poderá vê-los a cada 11 meses, quando passará férias no país de origem. Mesmo assim, a profissional considera-se privilegiada por ter vindo ao sul, encontrar uma realidade favorável para o exercício da medicina. “Me especializei em medicina familiar porque gosto. Atuarei na unidade de Bela Vista até março, e depois ainda não sei o destino que terei.”
Preconceito
Maria del Carmo sente-se privilegiada, pois segundo ela, a recepção dos colegas brasileiros foi muito boa. “Todos os colegas me trataram muito bem. Não tenho do que reclamar a respeito do tratamento que estou recebendo”, disse. Ela conta, porém, que conversou com colegas que estão em outras regiões do Estado e país, e em muitos casos os relatos são de preconceito. “Em Cuba nós recebemos um estrangeiro de braços abertos. Segundo alguns colegas, nem “bom dia” eles recebem”, lamenta a profissional.
A Administração Municipal espera que mais quatro médicos estrangeiros sejam contratados. Quando se inscreveram, solicitaram cinco profissionais, já pensando na demanda que aumentará quando outras unidades de saúde forem construídas, como a do bairro São Caetano. Se todos forem receptivos, respeitosos e sensíveis como Maria del Carmo, os cidadãos arroio-meenses terão ainda mais qualidade na saúde.