Arroio do Meio – As chuvas e os vendavais que atingiram a região entre quinta-feira da semana passada e esta terça-feira trouxeram dor de cabeça aos moradores. Diversos pontos ficaram sem luz e, em alguns casos, moradores só tiveram a energia restabelecida quatro dias depois. Postes caídos e fios rompidos compuseram o cenário de estrago.
As comunidades mais atingidas foram as do interior. No Morro Gaúcho, cinco famílias ficaram três dias sem luz. Galhos de eucalipto caíram sobre os fios de luz que, com o peso, se romperam. A AES Sul, concessionária responsável pelo serviço, não conseguiu atender a demanda a tempo e alguns produtores tiveram de comprar geradores para tentar retomar a normalidade dos trabalhos.
Em Passo do Corvo, a situação foi ainda pior. Diversos produtores tiveram de usar a criatividade para evitar perdas. A falta de luz e o excesso de calor contribuíram para o receio de um mês com pouca produtividade.
Com uma produção de 380 litros de leite por dia e dois chiqueiros com 500 porcos, Darci Gerhard adaptou o trator para fornecer energia à ordenhadeira. “Fiquei três dias sem luz. Como não tinha como deixar o leite resfriado, o leiteiro veio buscar o produto duas vezes por dia.” Ele ressalta que, quando há luz, a visita do profissional se resume a uma por dia.
Valdir Fahl ficou das 17h de quinta-feira às 3h de domingo sem luz. “Temos produção de 280 litros de leite por dia. O que nos salvou foi o gerador que temos na propriedade”. A água também faltou na propriedade do agricultor.
Situação semelhante enfrenta Astor Hollmann, também de Passo do Corvo. Ele trabalha com cerca de 75 mil aves e quatro mil leitões. Após três dias sem luz, usou um gerador comprado há sete anos para que a granja pudesse continuar com a produção. Ele questionou o serviço da AES Sul.
Cerca de 40 moradores ficaram sem luz. “Isso é uma falta de consideração com a comunidade. Quando o poste caiu, a empresa deveria ter tomado logo suas providências. Poderiam ter isolado o local e ligado com o próximo poste de luz, para ter luz em algumas casas”, sugeriu.
Hollmann entrou em contato com a empresa para tentar solucionar o problema. “A resposta foi de que a lei não permitia esse processo”, irritou-se. “Se a lei não permite isolar o poste e ligar os fios em um próximo, por que a lei permite a instalação de uma escora em um poste de madeira podre em vez de trocá-lo?”.
Segundo a assessoria de imprensa da AES Sul, o recurso da tala é utilizado para dar rapidez ao atendimento. “É um procedimento seguro, justamente feito para eliminar o risco, para que possamos programar a troca de forma definitiva”, destaca a nota.
Quase uma semana
Até esta quarta-feira, 12 pontos isolados necessitavam de atendimento. O serviço foi normalizado. A empresa deslocou 29 equipes de emergência leve e 10 de trabalhos pesados. No sábado, quando uma equipe foi executar as melhorias no interior, diversos moradores foram cobrar dos técnicos os motivos pela demora.
Entre os motivos alegados pela empresa para os transtornos está o forte vento, que danificou postes, cruzetas, transformadores e outros equipamentos. Outro fator foram árvores que caíram sobre a rede elétrica.
Neste ponto, a AES Sul adverte para uma regra: as árvores precisam ser plantadas, no mínimo, a quatro metros de distância da rede de média tensão e a dois metros da rede de baixa tensão.
Indenizações
Em caso de equipamentos estragados devido a falta de luz, a concessionária orienta os clientes a procurar a AES Sul na Loja de Atendimento ao Cliente ou Rede Conveniada (www.aessul.com.br) e fazer o pedido de indenização. Os casos serão analisados individualmente.
Interrupção de energia
A tarde de terça-feira foi de transtornos, desta vez para os consumidores da Certel Energia. Em nota, a empresa comunicou que houve a interrupção de energia elétrica causada pelo desligamento da interligação Sul-Sudeste. O fato prejudicou clientes de diversos municípios das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Juntos, são responsáveis por 5 mil megawatts de demanda. A energia foi restabelecida no mesmo dia. Conforme a cooperativa, a interrupção foi involuntária.
Sustos
Os vendavais causaram sustos sexta-feira e terça-feira. No primeiro caso, um poste de telefonia caiu sobre um carro. Por sorte, o motorista não se feriu. O material invadiu o carro pelo vidro do carona, parando no encosto da cabeça do condutor, na rua Presidente Vargas, em frente à Comunidade Católica.
No mesmo local, há quase seis anos, um funcionário da construtora Giovanella morreu depois que um poste o atingiu durante um período de chuva. Conforme a AES Sul disse, na época, o caminhão onde o funcionário estava se enroscou nos fios de alta tensão.
Já na terça-feira, um poste de luz caiu sobre uma residência, na rua Maurício Cardoso. Ninguém ficou ferido.