Na coluna da semana anterior, utilizando o título “Retrocesso”, fiz menção aos vários fatos que vêm acontecendo em relação ao abastecimento de energia elétrica, especialmente no interior, atingindo, de forma comprometedora, atividades da produção agropecuária.
Ao dizer que em vez de melhorarmos a qualidade desse serviço essencial e altamente estratégico, notava-se uma “desqualificação” do setor, teoria que neste momento está mais fortalecida ainda, considerando o que ocorreu no final da última semana, penalizando, sobretudo, o setor de produção de frangos.
Estima-se que em vários municípios, em especial na região alta do Vale do Taquari, em torno de 500 mil frangos, em fase de abate, morreram em consequência da falta de energia nas propriedades produtoras, onde os sistemas de ventilação e a utilização de “chuveirinhos” não puderam ser acionados em horários de calor quase insuportável e que vitimou as aves.
As perdas ou os prejuízos não podem ser contabilizados olhando apenas o número de animais mortos e não atingem somente as propriedades em que o fato ocorreu. Na verdade esses produtores são os maiores lesados, mesmo que se comente que eles possam ter um seguro(?) obrigatório, mas que não cobre os danos, sabendo-se que normalmente todas as partes perdem.
Os prejuízos, econômicos, se ampliam e recaem também sobre outros produtores, onde a retirada de lotes é antecipada, para atender os compromissos das agroindústrias, em função de uma adequação na programação. Empresas, municípios e o próprio Estado sofrem as consequências econômicas e sociais desta anormalidade.
Lamentavelmente este quadro não será de fácil solução. Há quem indique a aquisição de geradores de energia, de parte dos produtores rurais, como um caminho para tanto. Mas essa alternativa mostra-se inviável pelo que exige de investimentos e pelo que acarretará em forma de elevação nos custos de produção.
Segundo notícias (que gostaria não fossem confirmadas mais tarde) a ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica, sugere um aumento nas contas de consumo, na ordem de 5%, para criar um fundo, cujos recursos seriam utilizados para a melhoria dos sistemas de geração e de distribuição de energia. Não é admissível que logo se pense em onerar o consumidor, o povo. Para “aliviar” os problemas do produtor rural, propõem fórmulas desta ordem, sabendo-se que em outros programas, como, por exemplo, o Luz para Todos, há um desvio de finalidades, e uma má utilização de recursos, atendendo, inclusive, áreas de lazer, de propriedades particulares.
Veículo de informação
Completando 30 anos de “coluna” jamais tive dúvidas quanto à importância e relevância do AT, nos seus propósitos de bem informar os seus fiéis leitores. A matéria veiculada na semana passada, sobre o “Procetub” contribuiu muito com o que venho abordando há anos. Está evidente, agora, que apenas um terço (305) das 958 propriedades, de alguma forma envolvidas com o programa da tuberculose, podem ser consideradas como estando em dia, com certificados.
Destaco também que vários produtores de leite foram procurados na semana passada, recebendo seus certificados. Não fosse a oportuna abordagem do jornal, talvez essa distribuição de documentos não teria acontecido com a mesma celeridade.