Arroio do Meio – Enquanto a Câmara Federal discute a revogação das aulas com simuladores para a primeira habilitação, no Rio Grande do Sul 19.552 aulas foram realizadas com o equipamento, e 2.948 candidatos já cumpriram as 5 horas/aula obrigatórias pela Resolução do Contran.
Em torno de 70% dos 273 Centros de Formação de Condutores (CFCs) do Estado oferecem as aulas virtuais. Os demais já adquiriram o equipamento e aguardam a entrega da empresa fornecedora.
No CFC de Arroio do Meio o aparelho está em funcionamento. Simula situações reais que o futuro condutor enfrentará no dia a dia nas estradas. O simulador custou cerca de R$ 40 mil. “Não é um vídeo game como falam por aí, o aparelho exige muito do aluno”, disse a proprietária Zora Ionara Schweizer.
Quatro empresas fabricam simuladores no Brasil, conforme ela, a escolha se deu pela confiança, já que está há anos no mercado. “É a mais conhecida e a mais tradicional na área, pois desenvolve simuladores de aviões e helicópteros.”
Conforme o presidente do Sindicato dos Centros de Formação de Condutores do Rio Grande do Sul, Edson Cunha, o Estado é o mais adiantado em relação à instalação. Outros, como Mato Grosso, Acre, Roraima, São Paulo e Rio de Janeiro também estão implantando.
“Essa resolução do Contran não será derrubada, pois todos os CFCs do Estado adquiriram o simulador, alguns estão funcionando e outros só falta a instalação do aparelho”, disse Cunha.
Aluno aprova simulador
Ueslei Antônio Biasebetti fez as cinco aulas de meia hora no simulador e aprovou o aparelho. “É muito bom para a pessoa que não tem prática de direção. Assim, o aluno vai para a rua com uma base.”
Entenda mais
A Resolução Contran 444/13, que estabeleceu a obrigatoriedade das aulas com simuladores, entrou em vigor em 1º de janeiro deste ano e teve o prazo estendido até 30 de junho para os estados que não fizeram as adaptações necessárias na estrutura curricular e integração dos sistemas.
No Rio Grande do Sul, a nova estrutura curricular já está em vigor desde a virada do ano. O Estado é pioneiro na implantação das aulas com simuladores e também o mais avançado.
Entidades se mobilizam
Em fevereiro, a Associação Nacional dos Detrans, a Abramet, a Feneauto e outras entidades da sociedade civil organizada juntamente com o diretor-geral do Detran/RS, Leonardo Kauer, se manifestaram a favor da manutenção das aulas no aparelho.
A Abramet emitiu carta aberta aos deputados, reafirmando sua convicção de que o exercício simulado capacita o aluno e o deixa até 90% pronto, o que pode reduzir em mais de 50% o número de acidentes nos 24 primeiros meses após a obtenção da habilitação.
A entidade também rebate as críticas considerando que “o simulador de direção já é reconhecido em países como a Austrália, Nova Zelândia, Bélgica, EUA, Reino Unido, Holanda, entre outros, onde sua utilização já é bastante disseminada e os índices de acidentalidade são bem menores que os nossos”.
Estudo técnico sobre simuladores
Com relação aos estudos que comprovam a eficácia dos simuladores, a Federação Nacional das Autoescolas e CFCs (Feneauto) lembra que a Universidade Federal de Santa Catarina desenvolveu estudo técnico, a pedido do Denatran, que comprovou o benefício do uso dos simuladores.
Simula situações sem risco
O Detran/RS considera que o simulador possibilita uma imersão nos conhecimentos de direção em situações que podem ocorrer na prática e proporciona, num ambiente virtual, preparação às aulas posteriores, realizadas em vias públicas.
O iniciante vivenciará essas situações e problemas com maior segurança em um ambiente controlado e supervisionado. Sem estar exposto aos riscos o aluno conseguirá perceber e analisar erros cometidos e suas possíveis consequências ou implicações.
Aparelho reduz aulas práticas
O diretor do Detran/RS contesta também o argumento de que as aulas com simuladores aumentariam o custo da formação do motorista. “A legislação exige o mínimo de 20 aulas práticas para a primeira habilitação, mas os candidatos realizam 28 em média no Rio Grande do Sul. No Brasil, a média é ainda maior, 35 horas aulas.”
Conforme ele, estudos-piloto desenvolvidos nas autoescolas gaúchas e mineiras indicam que alunos submetidos a cinco aulas de simulador reduzem em 25% a necessidade de aulas práticas adicionais. Como o valor da aula prática é maior, a tendência é de que a CNH fique até mais barata.