Vale do Taquari – O manifesto organizado pela Câmara de Indústria e Comércio do Vale do Taquari (CIC-VT) ocorreu no sábado, dia 15, mesmo com o mau tempo. As entidades e populares pretendiam pressionar a Fundação Nacional do Índio (Funai) a liberar a duplicação dos dois quilômetros da BR 386, próximo à aldeia indígena.
O grupo se reuniu na rodovia, no Posto Laguinho, em Estrela, das 9h ao meio-dia. A ideia inicial era impedir o tráfego e só liberar por volta das 13h, mas a comissão organizadora decidiu não ferir o direito de ir e vir das pessoas e liberou o trânsito de forma mais lenta. “Ninguém pode ser prejudicado. Muitos automóveis estavam com crianças”, disse Oreno Ardêmio Heineck, presidente da CIC-VT.
Conforme ele, a Funai está se mostrando insensível à liberação do trecho de dois quilômetros. O propósito da manifestação foi chamar atenção do Estado e do país. Em fevereiro foi feito um pedido formal ao chefe da Casa Civil, Aloísio Mercadante, para interferir na liberação do trecho. “Se a Funai quer confronto ela vai ter. Esse órgão não se preocupa realmente com os índios, pois nunca pisou aqui para ver realmente as condições deles que vivem marginalizados.”
Depois do manifesto, o pleito segue nas instituições públicas. Deputados federais, senado e ministérios apoiam o movimento Libera Já.
Na BR 386, a estrada da produção como é conhecida, trafegam 20 mil veículos por dia. Essa é a rodovia federal que mais matou no ano de 2013, e em 2012 uma pessoa morreu em cada cinco quilômetros da rodovia, relatou a presidente do Conselho de Desenvolvimento do Vale do Taquari (Codevat), Cintia Agostini.
Avaliação positiva
Para o vice-prefeito de Arroio do Meio, Áurio Scherer, a mobilização realizada na manhã chuvosa foi justa e necessária e vem ao encontro dos anseios da comunidade do Vale.
Scherer parabeniza as entidades da região que tiveram a coragem e a determinação para realizar o protesto e ressalta que a mobilização trará resultado positivo para a região. “A minha experiência de luta e organização me faz afirmar que essa mobilização ecoará junto aos órgãos responsáveis pela liberação dos dois quilômetros da BR 386”, finaliza.
Caminhoneiro aprova
Parado por pelo menos 45 minutos à espera da liberação, o caminhoneiro Nereu Ardais, de Porto Lucena, transportava carnes em um caminhão frigorífico para a região noroeste do Estado. Considera o protesto muito importante para chamar atenção das autoridades a respeito da liberação. “Acho ótima a ideia do manifesto, pois a comunidade precisa mostrar sua indignação. Acho tudo válido, mas sem quebradeira e desordem”, aponta.