O conflito decorrente da disputa pelo direito de propriedade de terras envolvendo indígenas e produtores rurais e que teve como fato grave a morte de dois agricultores, na semana passada, no município de Faxinalzinho, segue tomando proporções cada vez mais descontroladas.
O governo federal vinha anunciando o envio de um interlocutor para interferir no conflito, através do diálogo, recuou com a desistência ou cancelamento da vinda do Ministro da Justiça, autoridade designada para a missão de serenar os ânimos.
A justificativa adotada para a mudança dos planos da autoridade da justiça, foi a instabilidade do tempo na região, o que em parte pode ser aceito. Porém, o ministro Cardozo tem dito, após a alteração da agenda, que somente continuaria mediando encontros se esses fossem realizados em Brasília.
O ambiente naquela região é de grande apreensão e sabe-se que líderes políticos que tentaram uma aproximação entre as partes sofreram ameaças de agressões e tiveram que ser escoltados e protegidos para evitar o pior.
Essa situação não é o que se poderia ou deveria esperar. Mas ela chegou a tal ponto, de relações extremadas, porque não aconteceram as ações políticas e legais que pudessem evitar o confronto. O governo federal cumpriu apenas uma pequena parte do seu Plano de Governo no que diz respeito à Reforma Agrária. E a frustração é crescente, no campo, resultando nesse tipo de conflito e as muitas invasões e mobilizações dos grupos organizados que continuarão cobrando atitudes e soluções.
Susto com as contas de luz
Começam a chegar aos destinos as novas contas de consumo de energia elétrica com as tarifas atualizadas, com o aumento de quase 30%.
Os consumidores estão percebendo que o “tarifaço” aplicado é bem mais duro do que imaginavam inicialmente. E o inconformismo aumenta na medida em que o próprio governo federal cogita a possibilidade de adotar um racionamento a qualquer momento. As estratégias de planejamento nos últimos 10 ou mais anos não focaram o tema da produção de energia.
“Alimentação não é caridade ou assistência social”
A Unisinos, de São Leopoldo, sediou nesta semana um Simpósio Internacional Alimento e Nutrição, com o objetivo de reforçar o compromisso com a erradicação da fome, que é um dos princípios da Organização das Nações Unidas.
Observando a repercussão do evento, é interessante prestar atenção às manifestações feitas pelo Bispo emérito de Duque de Caxias, Rio de Janeiro, Dom Mauro Morelli, reconhecido por sua luta contra a fome e a miséria.
Segundo a autoridade religiosa, o mundo continua tendo um bilhão de pessoas passando fome, “porque em alguns lugares há problemas de produção, enquanto em outros, o problema está no acesso. O que trabalhamos é o direito como fundamento. Não é porque tenho pena de criança com fome. Tenho vergonha. A criança privada do alimento, não se desenvolve, a humanidade dela foi negada e a minha foi atingida. Você não pode ser movido pela compaixão. Você não deve tratar a alimentação como questão de caridade ou de assistência social. Ela é um direito inalienável do ser humano”.
Em relação ao Brasil, que é um dos maiores produtores mundiais de grãos e ainda assim, milhões não têm o que comer, Dom Mauro diz que ”aqui se produz para o mercado externo, para a criação de animais fora daqui. Temos um mercado interno fabuloso. Se garantíssemos a esse mercado o acesso a alimento saudável e adequado, nosso povo seria mais inteligente. Uma criança fica atrofiada se não for devidamente gestada, alimentada e desenvolvida. Democracia não se faz com famintos. Em torno da mesa vejo a expressão mais bonita da democracia. Você cresce nas relações de humanidade em torno de uma mesa…”.
O religioso diz ainda que “enquanto o alimento for convertido em mercadoria e moeda, vai haver miséria e fome”.