Arroio do Meio – A alimentação escolar objetiva suprir parcialmente as necessidades nutricionais dos alunos. Sendo assim, o município criou o Projeto Reeducação Alimentar – Combatendo a Obesidade Infantil a fim de contribuir com os bons hábitos alimentares e corrigir deficiências nesse aspecto.
A nutricionista da secretaria de Educação e Cultura, Joice Johann explica que o projeto surgiu como uma necessidade após resultados da avaliação nutricional feita com os alunos das escolas municipais de Ensino Fundamental. Estes apontaram um aumento nos índices de sobrepeso e obesidade.
A secretaria de Educação e Cultura apresentou na segunda-feira os resultados dessa avaliação referentes ao ano de 2013. Avaliando o Índice de Massa Corporal (IMC), calculado a partir da divisão do Peso/Altura², 1.860 alunos foram classificados por magreza acentuada, magreza, eutrofia (normal), risco de sobrepeso, sobrepeso, obesidade e obesidade grave. Os cálculos foram feitos por meio do software Anthro, desenvolvido pela Organização Mundial da Saúde.
O estudo revelou que 65,80% dos alunos estão na condição de normalidade. Por outro lado, 30,79% dos alunos classificam-se em situação de sobrepeso (17,95%), obesidade (9,35%) e obesidade grave (3,49%) e ainda 3,22% apresentam estado de magreza.
A secretária de Educação Eluise Hammes destacou a importância da união entre escola e família. “As crianças se espelham nos hábitos alimentares dos adultos, por isso é importante que o cuidado na alimentação escolar se estenda aos lares.”
O prefeito Sidnei Eckert comentou sobre a questão cultural envolta nos hábitos alimentares. “Temos ainda a ideia de mesa farta, bastante comida no prato, mas precisamos nos adaptar a medidas educativas. Temos obrigação de ensinar o que é correto às crianças e nos conscientizar de que se alimentar bem não é comer bastante, mas o necessário.”
A reeducação alimentar engloba ações como adequação do cardápio, com exclusão de frituras, diminuição do uso de açúcar e sal adicionado às preparações; capacitações para as manipuladoras de alimentos, professores e agentes; distribuição de folder explicativo às famílias; palestras educativas para os alunos e população em geral.
Dos alimentos ofertados, 30% provêm da agricultura familiar, produzidos de forma orgânica. “São mais saborosos, de maior valor nutricional e, consequentemente, mais saudáveis”, diz Joice. É respeitada a sazonalidade, ou seja, a época de colheita, assegurando melhor qualidade e produtos frescos.
A formação de hábitos alimentares saudáveis ocorre na primeira infância, tornando desnecessário uma intervenção futura, como tratar doenças crônicas (diabetes e hipertensão arterial, por exemplo), obesidade e problemas psicológicos. “Trabalhar com os profissionais das instituições e os pais faz com que tenhamos êxito no projeto.”
Documentário
Dentre as ações do projeto, está a conscientização dos pais sobre a importância da alimentação adequada aos filhos. Para que compreendessem os efeitos da obesidade na infância, eles foram convidados a assistir o documentário Muito Além do Peso. Segundo a coordenadora pedagógica da Educação Infantil, Denise Neumann, eles levaram o filme para casa e fizeram relatos que ficaram documentados na secretaria de Educação. “Eles ficaram chocados com o que viram”, conta.
Muito Além do Peso mergulha no tema da obesidade infantil, discutindo por que 33% das crianças brasileiras pesam mais do que deviam. As respostas envolvem a indústria, a publicidade, o governo e a sociedade. O documentário fala das crianças que, obesas, não podem mais desfrutar de sua infância e terão de carregar para o resto de suas vidas problemas como doenças cardíacas, depressão e diabetes.
Prática de reciclar
A Ecei Atalia é uma das escolas que dá exemplo de sustentabilidade. Aliou o tema ao projeto de reeducação alimentar. Aproveita restos de alimentos, cascas e sementes para criar um composto orgânico que resulta da utilização da composteira. “Um projeto de compostagem é uma ótima forma de mostrar às crianças, na prática, uma maneira simples de diminuir a quantidade de sobras geradas todos os dias na escola”, explica a diretora Iolanda Bruxel.
Para a realização do projeto foram instalados dois tambores em um canto de fácil acesso na horta. Depois, iniciou-se o processo de pesagem e registro do lixo orgânico que seria destinado à composteira: erva-mate, cascas de frutas, de verduras e de ovos. Esse material é misturado com grama, folhas e terra.
O composto ficou pronto em quatro meses e foi utilizado como adubo na horta escolar. As hortaliças produzidas são usadas na alimentação das crianças. “Estamos felizes com o resultado. Sabemos o que está sendo servido e que é saudável.”
Os 309 quilos de matéria orgânica se transformaram em 180 quilos de adubo. “Despertamos a atenção das crianças em relação ao desperdício e a importância de encontrar alternativas para amenizar os impactos ambientais”, observa a diretora. Os alunos vivenciaram a transformação do resíduo orgânico, que parecia sem valor, em um produto útil. “Todos deviam ter uma composteira em casa, porque realmente traz resultados”, conclui.