Vale do Taquari – A Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) foi criada em junho de 2013 para assumir a gestão das rodovias estaduais. Apesar da redução do valor do pedágio de R$ 7 para R$ 5,20 motoristas estão descontentes, pois os recursos não são aplicados em obras como necessário para melhorar as condições de tráfego. Buracos são frequentes em algumas rodovias como no caso da ERS 453 que liga Lajeado a Venâncio Aires.
Dados extraídos do site da empresa mostram que os investimentos ficaram muito abaixo do arrecadado. Entre os meses de junho de 2013 e junho deste ano, a EGR recolheu nas praças de pedágio de Encantado e Cruzeiro do Sul R$ 23,7 milhões e investiu 62% desse valor, sendo R$ 14,7 milhões. A maior parcela foi revertida em obras.
O presidente da EGR, Luiz Carlos Bertotto, explica que a intenção é investir até o fim deste ano 80% do arrecadado. Diz que aplicou menos em virtude da engrenagem da máquina pública, pois foi preciso realizar licitações para a contratação de empresas que realizam o serviço que é demorado.
No resto do estado a situação se repete. Desde a criação, a estatal arrecadou em todo o Rio Grande do Sul R$ 198,4 milhões, dos quais foram investidos R$ 106,9 milhões. Hoje a EGR administra 14 praças de pedágios.
Como funciona o socorro
Quando o veículo apresentava algum problema mecânico ou o motorista se envolvia em acidente, a Univias prestava o socorro. Como a empresa dispunha de veículos em todas as praças, geralmente o resgate era rápido. Hoje, o auxílio pode vir de diversas frentes. Em caso de acidente, é possível acionar o Corpo de Bombeiros que atende pelo número 193 para casos mais simples, e o número 192 do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) nas ocorrências graves. Para socorro mecânico, é necessário ligar para o número 198 do Grupo Rodoviário da Brigada Militar, que faz o contato com um guincho autorizado pelo Detran/RS.
Usuários divididos
A empresária Marlove Land transita frequentemente pela ERS 453 que liga Lajeado a Venâncio Aires. Diz que as estradas eram melhores sob a administração das empresas privadas e pioraram sob a gestão da estatal. “Todo mundo reclamava do preço do pedágio que era de R$ 7, mas pelo menos as estradas eram boas. Agora o preço diminuiu, mas temos que dirigir desviando de buracos e de crateras na rodovia. Espero que consertem como foi consertado aqui no município.”
Para o aposentado Carlito Black, o serviço prestado pela EGR é bom no que diz respeito à manutenção das estradas, mas peca quanto aos serviços mecânico e de resgate a feridos. “O mecânico piorou, antes era tudo mais rápido estava tudo ali no pedágio, até a troca de um pneu eles faziam, era só chamar. O resgate de feridos também deixa a desejar.”
Insatisfação gera mobilização
A inoperância e o engessamento da gestão da EGR incentivaram dois jovens de Santa Cruz do Sul a criar um movimento no Facebook intitulado EU QUERO O FIM DA EGR. Conforme Cássio Filter, idealizador, não há qualquer ideologia política no movimento, e qualquer manifestação partidária contra ou a favor é rechaçada.
Cássio ressalta que as rodovias administradas pela EGR estão em péssimas condições e que o risco de acidentes é iminente. “Acreditamos que o principal problema está na própria legislação que regulamenta a atividade de uma estatal. A Lei das Licitações, por exemplo, inviabiliza a agilidade na prestação de serviços. Enquanto isto, o pedágio segue sendo cobrado”, disse.
Ele começou o movimento enviando convite para cem amigos, que convidaram outros, ampliando a cadeia. Em menos de uma semana 4,5 mil pessoas confirmaram participação no evento fictício e cerca de 31,2 mil foram convidadas. Diante da aceitação das pessoas em participar no espaço virtual, ele não descarta a possibilidade do movimento sair das redes sociais e ir para ruas.
Os participantes são de várias cidades do Vale do Taquari e Rio Pardo. Motoristas que utilizam a rodovia e que moram em outras regiões também aderiram ao movimento. É o caso de condutores de Santa Maria e região central do estado que utilizam a ERS 287 para se deslocarem para a Capital.
Um questionário será elaborado e enviado para todos os candidatos do Piratini para saber a opinião sobre a estatal. No espaço virtual será criado um local para que os candidatos à Assembleia Legislativa se manifestem sobre o tema. “Estamos criando adesivos veiculares para protestar. Continuaremos até que tenhamos estradas dignas. No campo jurídico, a OAB apoia a nossa causa e está auxiliando na interlocução com o Ministério Público para que algo seja feito”, argumentou.