Série publicada nesta semana no jornal Zero Hora, produzida pelos jornalistas Carlos Rollsing e Humberto Trezzi retrata a situação e a realidade enfrentadas por uma nova onda imigratória que chega ao Sul do Brasil. Recomendamos a leitura, até para que possamos ter argumentos convincentes ao emitirmos uma opinião sobre o assunto, nunca esquecendo de que muitos avós e bisavós nossos, um dia partiram também de suas querências em busca de tempos melhores, numa época em que tudo era difícil. E venceram. Casos de descriminação e racismo já foram registrados aqui na região. Houve até pedidos de desculpas mais tarde.
Espera-se que a cor da pele não seja “problema” para esses imigrantes.
Reproduzimos parte dessa excelente reportagem: “Um novo processo migratório, formado sobretudo por africanos e caribenhos, começa a vingar no Rio Grande do Sul – onde imigrantes italianos, alemães e poloneses se instalaram aos milhares no século 19. Muitas daquelas famílias europeias se fixaram em matagais despovoados na Serra, no Vale do Taquari e no Norte, dando início às principais colonizações do Estado. As regiões cresceram, cidades como Caxias do Sul, Lajeado e Passo Fundo se tornaram pujantes polos industriais e hoje são ponta de lança do ciclo encabeçado por 11,5 mil estrangeiros negros – vindos não de zonas rurais, como seus antecessores, mas do meio urbano, e com pelo menos o Ensino Médio no currículo escolar. Fogem da pobreza: no Brasil, podem ganhar até seis vezes mais do que no seu país de origem. O território gaúcho é um dos principais destinos de senegaleses e haitianos, principalmente o Interior, pois em Porto Alegre o custo de vida é mais alto, e a demanda por essa mão de obra, menor. Nas pequenas cidades, eles mudam o retrato da massa trabalhadora. Em Encantado, fundada por italianos, os migrantes negros já representam 2% da população – e 30% dos funcionários de um frigorífico da Dália Alimentos.
O sonho de todos é o mesmo dos colonos que chegaram há quase 200 anos:
Conseguir um lugar ao sol. Produzir. Vencer no Brasil. Parte significativa desses imigrantes são poliglotas, alguns falam até oito línguas. Cerca de 7 mil haitianos, 4 mil senegaleses e 500 bengaleses já estão vivendo no Rio Grande do Sul; O Brasil vem se tornando referência internacional na acolhida. A nova migração é um movimento recente, mas suficientemente forte para causar modificações econômicas, étnicas e culturais no interior gaúcho.”