Vale do Taquari – A Associação dos Municípios de Turismo da Região dos Vales (Amturvales) qualificou empreendedores ligados à área do turismo nesta semana. A cidade de Estrela sediou, segunda e terça-feira, o Curso de Sensibilização ao Turismo, que reuniu representantes do município, além de Arroio do Meio, Cruzeiro do Sul, Doutor Ricardo, Mato Leitão, Imigrante e Lajeado.
A ideia central do evento foi qualificar os envolvidos no ramo e conscientizar sobre a importância do setor para desenvolver a região. A turismóloga Claudiana Castro, com dez anos de experiência na área, abordou o conceito de turismo e turista, os benefícios que um município angaria promovendo o setor, o turismo sustentável e a relação da comunidade com o turismo.
Segundo Claudiana, para dar certo, é preciso construir, reinventar constantemente, buscando o conhecimento antes para conseguir desenvolver o setor. É preciso estar preparado para o imprevisto, saber reagir. “Turismo é planejamento e consumo. Se no local é possível ter mosquitos, tenha repelentes para oferecer ao cliente”, exemplifica.
O cidadão a fim de ajudar seu município, precisa conhecê-lo para que possa informar o turista sobre hábitos, comidas típicas, belezas naturais e serviços disponíveis. “Tenha consciência que sua cidade é um lugar de interesse turístico. Saiba indicar onde o visitante encontrará as respostas para suas necessidades. A comunidade visitada é responsável pela imagem do lugar.”
Angela Kuhn foi uma das participantes do curso. Lecionou por 32 anos e, aposentada, não quis retornar às salas de aula. Morando com o marido em São Rafael, interior de Cruzeiro do Sul, percebeu a possibilidade de investir no turismo rural. É o segundo treinamento do qual participa nesta área. “Temos uma propriedade ecologicamente correta. Todos que vão lá se encantam. Vim buscar mais informações para investir nesse ramo”, conta.
Claudiana complementou dizendo que esse tipo de visitação tem aumentado em todo o país. Deu o exemplo de Santa Catarina, onde se mudou a cultura. Antes o agricultor pensava que não poderia receber o turista se não tivesse uma pousada. “Agora eles não têm mais vergonha de mostrar sua casa. Lá o lance é a pessoa fazer um mergulho na realidade local, entrar na cozinha e preparar a comida junto”, relata.
Respeito ambiental
Um dos pontos de sucesso para o turismo é o respeito à natureza. Em Estrela, conforme a turismóloga Angela Simone de Castro, há muita cobrança da população sobre o aproveitamento da Cascata da Santa Rita. O entrave, nesse caso, é que se trata de área de preservação permanente, impedindo a instalação de infraestrutura básica como banheiros.
Em Arroio do Meio, situação semelhante ocorre com o Morro Gaúcho. Segundo a coordenadora do Departamento de Cultura e Turismo, Angélica Diefenthaler, a área não pertence ao município, porém seguidamente é questionada sobre providências para o local. “Considero muito importante fazer essas capacitações. A cultura está sempre num fogo cruzado”, dimensiona.
A professora da Univates, Jane Mazzarino, sugeriu que tais pontos sejam aproveitados para o turismo de aventura, com realização de trilhas e afins, esclarecendo ao visitante o tipo de programa e que apesar de não haver infraestrutura urbana, ficará pouco tempo no lugar, apenas para vislumbre. “Turismo de natureza tem que ter essa conexão total com o ambiente.”
Outra sugestão da professora é fazer banheiros usando a técnica de permacultura, um sistema de planejamento para a criação de ambientes sustentáveis. Trabalha-se com a natureza para projetar ambientes que possam prover as necessidades humanas básicas. O barro é uma matéria-prima muito usada na construção do permacultor, assim a obra não agride a natureza.
Claudiana acrescentou que é importante cuidar do patrimônio, tanto no campo quanto na cidade. “De que adianta apresentar um município dizendo aqui havia isso ou aquilo? Fica saudosista e passa impressão de descuido ao turista.”