Aos poucos a Rússia abandona a sua postura de impor embargos para produtos brasileiros. Pois o mês de setembro, recém findo, mostrou um crescimento significativo no embarque de produtos para o leste europeu, especialmente proteínas animais, ou seja, carnes de frango, suína e bovina.
O Brasil exportou para a Rússia, no mês passado, um total de 20,9 mil toneladas de carne de frango, dado que representa um aumento de 291%, comparando os negócios realizados no mesmo mês do ano passado. Em valores esse volume equivale a 51,7 milhões de dólares, igualmente um crescimento de 226,8% ante o valor faturado no mesmo período de 2013.
Os negócios envolvendo carne suína apontam um crescimento de 76,7% em setembro último, considerando o mesmo mês do ano anterior, tendo sido embarcadas 17,06 mil toneladas do produto.
Relativamente à carne bovina, observa-se que estão sendo realizadas atividades com vistas à habilitação de novas plantas de frigoríficos, permitindo, após, transações comerciais com outros países, com a observação de que neste item acontece um problema de oferta. Registra-se que vem acontecendo uma gradativa diminuição do rebanho, motivada pela mudança de atividades produtivas, quando espaços de campos, em várias regiões do país, foram utilizados para a produção de grãos.
Mas como o setor da agropecuária, historicamente, tem-se mostrado muito dinâmico, há algumas sinalizações para a reversão desse processo, dentro de alguns anos. Comenta-se, por exemplo, que a crise no setor de produção de cana (açúcar e álcool), especialmente no Estado de São Paulo, onde o custo de produção da tonelada seria de 70 reais e o preço de venda alcançando apenas 50 reais, estaria provocando um forte investimento na pecuária. Grandes extensões de áreas estariam optando por substituir tradicionais culturas com pastagens e criação de gado de corte.
Nas cadeias do frango e do suíno, o Rio Grande do Sul e especificamente a nossa região vem colhendo resultados satisfatórios com essa valorização da produção e a abertura de novos centros consumidores. Existe conhecimento, tecnologia e o fator clima que contribuem para um bom desempenho.
Repercussão de comentário anterior
O comentário feito na última semana, neste espaço, relativamente aos financiamentos do Pronaf, investigações que estão sendo feitas em alguns municípios do Estado e, ainda, sobre as “cauções” cobradas há anos atrás, para a liberação de créditos para os agricultores, com a promessa de devolução, o que não aconteceu, quero registrar as inúmeras manifestações recebidas de agricultores que passaram por essa situação.
Percebo uma certa indignação de parte de produtores rurais que ainda hoje guardam comprovantes de depósitos feitos em nome de uma cooperativa, entidade que não cumpriu aquilo que anteriormente foi combinado. Se individualmente os valores “devidos” não são tão expressivos, a sua soma, possivelmente, representa um volume razoável. Felizmente no nosso meio não aconteceu o fato relatado em que uma associação colocou-se como intermediária entre banco e beneficiário para cometer o ato ilícito de desviar recursos.
Exclusões do “cheque-incentivo” (cheque-adubo)
Da mesma forma como, recentemente, defendi mudanças no Programa de sementes troca-troca, coloco-me ao lado dos que argumentam ser oportuno revisar ou atualizar o Programa do “cheque-adubo”, em vigência desde 2001.
Alguém um dia afirmou que não existe proibição de um indivíduo ter mais de uma profissão, para justificar deslizes no troca-troca de sementes. Deveria se ter a mesma posição em relação ao bônus incentivo. Pois, se dentre os critérios para a concessão desse benefício há a conferência do registro de vendas no talão de produtor rural, todos os talões com movimento teriam que ser considerados e contemplados. Caso contrário não vale a tese de que não é proibido ter mais de uma profissão! Há gente excluída desse Programa, por critérios talvez não suficientemente claros.