Faltando dois dias para o grande momento democrático em que mais de 150 milhões de brasileiros podem participar, escolhendo os futuros governantes da União e dos Estados, além dos representantes no Senado, na Câmara dos Deputados e nas Assembléias Legislativas, o clamor final que mais se escuta é de que o eleitor faça a sua opção de forma consciente. É evidente que o que realmente deveria acontecer, seria um processo sem as “influências” praticadas e em cada vez maior intensidade.
O uso da máquina administrativa, em todos os níveis, é danoso para a liberdade de escolha. Ameaças de retaliações, de perseguições e de restrições de toda ordem, que partem de quem está no Poder, estabelecem um desequilíbrio ou uma desigualdade entre os concorrentes.
Percebe-se uma contundente crítica ao fato de servidores públicos federais e estaduais, pagos com dinheiro público, se envolverem nas campanhas, normalmente não de forma voluntária, tendo que, inclusive, utilizar o argumento de “tirar férias” por um determinado período. A princípio não haveria ilegalidade neste caso, mas o que se caracteriza é um questionamento quanto à moralidade desse procedimento, com certeza, patrocinado e até imposto pelos dirigentes partidários.
Mas voltando à questão do voto livre e consciente, chama a atenção o ar de paralisia, de desalento, de descaso e de decepção, que tem tomado conta de um imenso contingente de eleitores. Possivelmente não se tenha registro de uma situação idêntica em pleitos anteriores a que vivenciamos no presente processo eleitoral. Pois, há poucos dias se tinha um quadro estatístico, dando conta de que em torno de 80% dos eleitores ainda não tinham definido nomes de sua escolha para deputados estaduais e federais. E não se tira a razão do eleitor, pelos muitos motivos que ele alega, desde a confusão gerada por coligações, mistura de siglas, promessas não cumpridas, envolvimento de dirigentes e ocupantes de cargos em episódios criminosos (corrupção, falcatruas, beneficiamentos, etc…).
Embora se pudesse entender a vontade de muitos em anularem o seu voto ou votarem em branco, seguramente não são essas as atitudes mais adequadas para as circunstâncias. Uma vez que há mais de um candidato para determinado cargo, haveremos de identificar um que seja o “menos ruim”. E cabe, perfeitamente, o sábio ditado, que diz que quando os bons se retraem ou silenciam, os ruins imperam, ou seja, quando deixamos de apoiar os que nos parecem mais confiáveis, será mais fácil os inconvenientes obterem êxito nas suas pretensões.
Esse domingo, dia cinco, será mais um marco na história política brasileira. Existe clima de maturidade, em que pese o calor dos debates dos últimos dias. Os vencedores desse processo, no entanto, terão imensos desafios a encarar, já nos próximos meses, mas principalmente a partir de janeiro de próximo ano. A nível de País, ronda um ar de incertezas quanto ao desempenho da economia, com sintomas de recessão e de um reduzido índice de crescimento do PIB. No Estado, a incapacidade de investimentos e o alto índice de comprometimento das finanças com a dívida com a União, inviabilizam novos projetos, dificultando a manutenção da máquina administrativa em níveis confortáveis. Em ambos os casos, medidas amargas terão que ser aplicadas.
COTRIJUÍ
Durante um longo período o Sistema de Cooperativas, agropecuárias, do Rio Grande do Sul tinha como uma de suas referências, a Cooperativa Tritícola de Ijuí (COTRIJUÍ), com uma forte atuação em uma vasta e rica região produtora de grãos.
Sucessivas crises têm-se abatido sobre a Instituição, levando-a a uma situação de extremas dificuldades que desafiam a sua sobrevivência. Inclusive nesta semana estava marcado um leilão de parte de seu patrimônio para quitação de dívidas com financiamentos bancários. Ações jurídicas conseguiram sustar ou adiar a perda dos bens e os cooperativados mantêm uma mobilização para salvar uma entidade-modelo até há pouco. Para o associativismo, de uma forma geral, este fato é desgastante e depõe contra o bom conceito que no Rio Grande do Sul se tem em relação à Organização. Os ciclos, de altos e baixos acontecem e talvez com uma reestrutura ou reorganização haverá a volta por cima, para o bem de milhares de pequenos produtores rurais gaúchos.