Não bastasse a previsão, recente, de que a próxima safra agrícola poderá ficar aquém do previsto, soma-se agora a essa estimativa o fato da elevação do custo de produção, consequência da repercussão ou do impacto da atualização dos preços dos combustíveis e da energia elétrica. Ambos os insumos são componentes importantes no desenvolvimento de qualquer atividade produtiva, no setor primário.
Noticia-se que os fretes, de uma forma geral, terão uma elevação superior a 11% a partir do aumento do óleo diesel, que foi de 5% e esses custos são repassados, de imediato, a todo o transporte efetuado. E não é difícil deduzirmos que o ônus acaba recaindo sobre todas as cadeias produtivas, todas dependentes de um escoamento realizado, na quase totalidade, pela via terrestre, com veículos – caminhões e carretas.
Além do transporte da produção agrícola, na produção de grãos, leite, suínos e frangos de corte, temos que contabilizar os custos mais elevados na utilização de máquinas e implementos agrícolas dentro das propriedades. Os processos de preparação da terra, o próprio plantio e a posterior colheita, requerem o uso, em grande escala, de combustíveis, especialmente do óleo diesel.
E a energia elétrica que igualmente teve suas tarifas ajustadas, também tem o seu peso no cálculo da produção agropecuária, por sua importância no desenvolvimento de projetos de produção no meio rural.
Pois bem, o produto leva consigo esses impactos dos aumentos dos combustíveis e da energia elétrica, cobrando do consumidor os efeitos. O transportador, normalmente consegue ressarcir-se das consequências dos custos majorados. Mas o produtor, que é o único componente que participa do processo de produção que não pode estabelecer o preço de seu produto, normalmente fica à margem da possibilidade de ser recompensado e valorizado.
E é lógico que toda vez que aumenta o custo de produção, independentemente do motivo, diminui a margem de ganho ou a possibilidade de algum lucro para o produtor. Esta é a histórica insegurança e o permanente desestímulo que recai sobre a atividade da produção agropecuária. Sem a garantia de um preço mínimo, fica difícil pensar-se em uma política agrícola planejada e organizada.
MDA reconhece gravidade de denúncias
O Ministério do Desenvolvimento Agrário manifestou-se nesta semana, reconhecendo a gravidade das denúncias relativas a possíveis fraudes no Pronaf, em algumas regiões do Estado, conforme informado nos meios de comunicação.
O governo diz que irá tomar as medidas necessárias para realizar uma profunda investigação sobre o caso que pode ter desviado de suas finalidades em torno de 80 milhões de reais, atingindo cerca de 6.300 contratos de financiamentos.
O que continua sensibilizando a opinião pública é a possibilidade de um expressivo número de suicídios registrados nas regiões envolvidas poderem ter uma relação com dívidas contraídas em nome de pessoas, por uma entidade, sem que os recursos chegassem às mãos das “vítimas”, ou dos tidos beneficiários.
A Câmara dos Deputados, em Brasília, promoveu nesta semana uma audiência pública para ouvir envolvidos ou atingidos nesse processo. No próximo mês de dezembro, uma Comissão de deputados virá a Santa Cruz do Sul para um contato direto com os agricultores, escutando a versão de quem quiser manifestar-se.
É impressionante e desolador o número de denúncias de fraudes, desvios e de superfaturamentos pipocando por aí. Inimaginável o volume de dinheiro que acaba indo para contas de indivíduos e de grupos. Onde isso tudo irá parar?