Arroio do Meio – Em 2008 a piscicultura no município comercializou 8,5 toneladas de peixe de cerca de 60 açudes. Desde 2011, por meio de uma parceria da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo, Emater/Ascar e Secretaria Municipal da Agricultura, mais 35 açudes foram abertos. A projeção é de que até o fim do ano a venda supere 15 toneladas, havendo melhora a partir de 2015, quando ocorrerá a despesca dos 10 últimos açudes abertos em 2013.
Além da quantidade de açudes, o aumento da venda é resultado de projetos voltados para a qualificação do manejo, suplementação e lotação. O ciclo produtivo que antes levava mais de 4 anos, chegando a quase 5 anos, agora leva menos de 16 meses. “Já temos piscicultores produzindo carpas de 3,5 kg em um ano”, revela o secretário da Agricultura, Paulo Roberto Heck.
De acordo com os técnicos da Emater, Roque Telöken e Elias de Marco, a equação da conversão alimentar dos peixes está relacionada à qualidade de vida que levam. Um dos fatores negativos é a cultura da superlotação disseminada pelos comerciantes de alevinos. “Precisam respeitar e aplicar a informação que recebem nos cursos técnicos. A lotação deve ocorrer conforme a lâmina d’água, não ultrapassando um alevino a cada 5m², tendo em vista a oxigenação”, atribuíram.
O piscicultor Astor Klaus observa que a superlotação prejudica o desenvolvimento das espécies. “Muito peixe dá pouco lucro e pouco dá mais, pois os consumidores preferem peixes grandes e acabam descartando os menores”, observa.
Outro ponto abordado é a adubação da água por meio da correção da acidez do solo com calcário, após cada despesca. “A reprodução de algas no fundo dos açudes pode ser comparada com lavouras, precisa de adubação. Não recomendamos agentes químicos”, afirmam.
Durante a semana o piscicultor recebeu a visita da equipe da Administração Municipal, incluindo o prefeito Sidnei Eckert e o Coordenador Municipal do Secretariado, Klaus Werner Schnack, os técnicos da Emater e o gerente do Banco do Brasil, Pedro Kolling.
Policultivo X Cadeia alimentar
A maioria dos açudes do município é voltada ao policultivo de quatro variedades de carpas: capim, húngara, prateada e cabeça grande. Conforme os técnicos, o convívio delas fecha a cadeia alimentar. “A capim é herbívora, a húngara é onívora, e a prateada e cabeça grande são filtradoras de algas isoplantoticas e fitoplanctônicas. A inserção de outras espécies criaria conflitos. O cat fisch é agressivo. A tilápia é super reprodutiva e precoce. E a traíra é carnívora, precisa comer 10 quilos de outras espécies para engordar um quilo”, explicam.
Segundo os técnicos, o Estado está exportando esta tecnologia de manejo de carpas para outras regiões do mundo como o Oriente Médio, “as carpas não perdem em nada para as outras espécies”, reforçam.
Interação da cidade com o interior
De acordo com a secretaria da Agricultura, hoje 40% da produção dos açudes é vendida em feiras de peixe. A outra parte é direcionada ao consumo próprio ou comercialização particular.
A Administração Municipal, Emater e piscicultores elaboraram um calendário de feiras, visando realizar uma por mês já em 2015. A intenção do projeto é diminuir o tempo da safra para aumentar o rendimento e diminuir perdas, quando ocorrem imprevistos. “Além disso o peixe fica mais saboroso”, destacam. O principal objetivo é estimular a piscicultura como fonte de renda alternativa aos agricultores e garantir reservatórios de água nos períodos de estiagem.
Conforme estatísticas, os arroio-meenses consomem 750 gramas de peixe oriundo de feiras por ano. O poder público quer aproximar os consumidores da cidade com o interior, dando acesso a produtos frescos. “Metade das pessoas da cidade não sabe o que acontece no interior que é diversificado. Incentivar essa integração é uma forma de reconhecer o trabalho dos produtores e fortalecer as políticas de sucessão familiar”, diz Eckert.
Para o prefeito, a forma da venda do produto final deve ser qualificada. Além dos serviços de limpeza, em curto prazo também pode ser oferecida a opção de corte, tendo em vista o espaço restrito para o armazenamento, preparo e descarte nos condomínios urbanos, diminuindo o impacto ambiental.