Os veículos de comunicação, de uma forma geral, têm o hábito de promover no final do ano, ou no início de um novo período, uma ação chamada de “retrospectiva”, fazendo uma retomada dos fatos destacados e enfatizados durante a etapa finda além de projetar algo para um momento posterior.
Ainda sob os efeitos da “virada”, quando houve inclusive uma rápida pausa entre o final de 2014 e início de 2015, tivemos a oportunidade de relembrar que no último ano aconteceram fatos interessantes, bons, e outros indesejados e que talvez permaneçam na nossa memória como situações que não precisavam ter ocorrido. Mas é, afinal, a história que se repete.
Sobremodo no setor da produção agropecuária, fica a impressão de que o produtor teve mais um período de muito trabalho, grandes preocupações, novas experiências, desafios, aprendizados e superações.
O ano de 2014 foi marcado por um bom desempenho das lavouras, principalmente na nossa região, onde se cultiva produtos de subsistência, trigo, soja, mas especialmente milho, que se tornou um insumo essencial para a cadeia de produção de leite, que, por sua vez, é uma das principais fontes de renda, mensal, da pequena propriedade.
As atividades de produção de suínos, de frango de corte e gado de corte, portanto o setor de alimentos (proteína animal), registra uma evolução positiva, bons resultados. Existe uma tendência e sinais fortes de que esta onda continue trazendo ânimo a quem teima em continuar nas atividades.
O fator negativo nas nossas principais atividades econômicas, foram as fraudes nos processos de produção, transporte e industrialização do leite, proporcionado por certas pessoas e algumas empresas do setor.
Os “espertos” ganharam (?) dinheiro, embora muitos tenham arrumado encrencas para o seu presente e futuro, mas centenas de produtores acabaram acumulando prejuízos bem acentuados. As contas não pagas por compradores de leite somam valores expressivos. Infelizmente não há perspectivas de um breve acerto. E para um bom número de produtores restarão más lembranças e a impossibilidade de superarem, em um curto espaço de tempo, essa situação.
Se a possibilidade de maior renda é fato concreto, não se pode deixar de contabilizar um custo de produção cada vez mais elevado. A manutenção de máquinas e implementos, o custo da energia, dos combustíveis, a utilização de insumos específicos, adubos químicos, herbicidas para o combate às pragas, com agressões ao meio ambiente, enfim, formam o cenário complexo da produção agropecuária que precisa ser tratado e conduzido com responsabilidade.
Ao par de tudo isso, as “enxurradas” de escândalos pelo Brasil afora resultou em um quadro de insatisfação no meio rural. Enquanto o produtor rural segue sendo o único empreendedor que não fixa ou não estabelece o preço para o seu produto, muitos outros se utilizam de meios ilícitos, em proveito próprio, sem medir conseqüências, sem escrúpulos, sem se preocuparem com justiça.
Há motivos para reclamações! E existem razões para comemorações! Mas se dermos uma olhada para trás, podemos perceber que a fila dos que gostariam de estar no nosso lugar ou até mesmo conosco, do nosso lado, é muito grande. Não tão longe de nós existem milhões de pessoas que não têm uma boa ocupação, bom emprego, renda suficiente para uma vida digna. E talvez não enxergamos que não distante de nós há milhões de pessoas que não têm alimentação suficiente, países inteiros passando fome. Portanto, que este recém iniciado ano de 2015 preserve o que temos de bom e consiga corrigir um pouco do muito que está errado.