Não chega a ser uma surpresa ou algo imprevisível, o panorama que estamos vivenciando neste início do ano, período de férias e começo de novas gestões administrativas, no âmbito nacional e estadual, em termos de decisões ou de tomada de medidas de governo, algumas muito duras para a população brasileira, especialmente a classe trabalhadora.
Está mais uma vez demonstrado de que quando grande parcela da população brasileira encontra-se em férias, em clima de festa, de descontração, bastante desligada dos problemas cotidianos, os governantes agem, no sentido de aplicarem medidas, estimando de que desta forma as reações sejam de menor intensidade.
O novo governo do Estado iniciou o ano, adotando a “moratória”, ou seja, suspendendo o pagamento de compromissos ou pendências herdadas, anunciando também o adiamento de qualquer obra de impacto financeiro.
Seguiu toda a discussão e polêmica dos aumentos salariais, o veto ao novo salário mínimo regional, diminuição do número de secretarias, cortes de horas extras na área da segurança pública, além de outras iniciativas.
As maiores surpresas, no entanto, viriam do reconduzido governo federal. Grande parte das “medidas amargas” mexeram diretamente com o bolso do consumidor, do trabalhador, das empresas, do produtor rural, do declarante do imposto de renda. Enfim, só não se ouviu nada em relação ao tratamento que seria dado aos montantes de dinheiro desviado ou roubado e que teria que ser devolvido aos cofres da União.
Em nome da “necessidade” de poupar, por ano, 18 bilhões de reais, na concessão de benefícios do INSS, o governo mexeu em pensões, em salário desemprego, em períodos de atestados médicos, onerando os empregadores, além de outros amparos até então existentes.
E vieram outros anúncios oficiais, unicamente voltados para satisfazer a fúria arrecadatória que caracteriza este governo, que precisa equilibrar as contas que desandaram com os altos custos da campanha da reeleição. As contas da energia elétrica ficaram mais altas, a retomada da CIDE representa aumento nos preços dos combustíveis (gasolina e diesel). A volta da CPMF não está descartada e poderá fazer parte do próximo “pacote”. O IOF (imposto sobre operações financeiras/empréstimos) é elevado em 30%. Muitos trabalhadores passam a pagar Imposto de Renda, com a iniciativa da Presidente em vetar a correção aprovada no Congresso, impondo a sua vontade, aplicando a atualização de apenas 4,5%, quando deveria ser de um índice parecido com o reajuste salarial. Além desses itens mencionados há um conjunto de outras iniciativas que, sem dúvida, provocam um enorme desconforto em quem já tinha algum pressentimento quanto ao que poderia ocorrer, mas impacta muito mais naqueles que foram pegos inteiramente desprevenidos, incrédulos. Toda essa propaganda enganosa não poderia ser alvo de análise de parte do PROCON?
“APAGÃO”
A encenação do governo federal para justificar a ocorrência do “Apagão” ou do “Blecaute” na segunda-feira, causando prejuízos em 11 estados e mais de um milhão de consumidores no RS, foi algo sem padrão. O mau uso do dinheiro público no Brasil é algo assustador e esse fato é mais uma prova de uma incompetência de quem dirige e dá pouca importância para questões de infraestrutura. Enquanto são gastos centenas de milhões de reais em ampliações de aeroportos, obras que não acontecem, mas o dinheiro sumiu, existe a falta vontade até para autorizar a execução de projetos de hidrelétricas, inclusive na nossa região, que não conseguem sair do papel. Descaso, desrespeito, menosprezo… Até que concluem se foi falha técnica, falha humana, maior demanda, etc… é possível que ocorram novos apagões, com consequências inimagináveis.