Arroio do Meio – A elevação das tarifas públicas na distribuição de energia elétrica e combustível, e no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), acompanhadas pela não correção da tabela do Imposto de Renda (IR), estão aumentando os gastos com tributos e diminuindo o poder de compra dos brasileiros.
Conforme analistas de mercado, os primeiros reflexos são a diminuição nas vendas no comércio e varejo, e na prestação de serviços. As contratações diminuem e até demissões podem ocorrer. Em seguida, entre 3 a 6 meses, a retração atinge as indústrias.
Os primeiros setores atingidos são os de fabricação e comercialização de bens duráveis, como eletrodomésticos, eletroeletrônicos, móveis e automóveis. Os vestuários e alimentos são os últimos a ser atingidos. Já nos produtos mais sofisticados, onde o prazo de validade é mais curto, poderá haver promoções, até que o estoque seja adequado a nova realidade de consumo.
O economista e professor Eloni José Salvi, diretor administrativo do Tecnovates, explica que apesar do preço médio dos produtos subir, num curto espaço de tempo, entre 30 e 90 dias, os valores tendem a se acomodar e se ajustando para baixo. Mas sugere cautela durante o período crítico.
“Quem não tem capacidade de compra não pode fazer dívidas. Até quem tem dinheiro deve evitar pagar juros. As pessoas precisam aprender a negociar. Pesquisar preços. Pois com a demanda baixa é mais fácil comprar por preços acessíveis ao orçamento. Já no setor imobiliário os imóveis construídos desvalorizam, porém, após o período de um ano. Entretanto, a mesma regra não atinge os terrenos que já estão escassos. Neste caso, bons preços dependem das ocasiões”, analisa.
Para os empresários a dica é rever o plano de expansão dos negócios. Não expandir a produção sem ter a certeza da absorção do mercado, evitando contratar crédito sem haver a real demanda dos produtos. “É preciso analisar bem o cenário. Bons termômetros são os setores de embalagens e transporte”, revela.
As oportunidades estão nos setores ligados a energia alternativa, como a solar, a eólica e o Gás Natural Veicular (GNV), que no momento são mais viáveis, além de veículos híbridos que utilizam energia elétrica.
Salvi ressalva que períodos de turbulência sempre ocorrem, e que a melhor forma de melhorar a economia é atacar a crise com muito trabalho. Encontrando maneiras de produzir com menos custo, utilizando matéria prima mais barata, e ter fôlego para negociar preços com os fornecedores, pois a tendência é a estagnação dos estoques.