Antes de abordar ou destacar assuntos novos neste espaço, preciso retomar temas que formaram a pauta da semana anterior e que tiveram desdobramentos ou uma sequência ou consequência posterior.
O comentário intitulado “Caminhoneiros x Desabastecimento”, tinha o conteúdo de análise do movimento de protesto dos caminhoneiros e a preocupação com as suas consequências. De fato, nos últimos dias pudemos assistir e ouvir uma série de informações sobre trancamento de rodovias, ações enérgicas e consideradas por alguns como abusivas, das forças policiais, vandalismos, apoios de agricultores, chegando a estimativas de prejuízos, com matérias ilustrativas sobre paralisação de atividades em abatedouros, morte de animais, descarte de leite, ovos e assim por diante.
Quando se escuta os caminhoneiros, vê-se a angústia de quem trabalha exaustivamente, diminuindo gradativamente os seus ganhos, pois quando aumentam os custos (combustível e outros insumos) a remuneração do frete fica achatada, tornando difícil a sobrevivência dos profissionais na atividade.
O governo mostrou-se inflexível, irredutível e não querendo negociar, tampouco conversar, dialogar. Acabou, depois de um desgaste, sancionando uma lei que dependia da assinatura oficial, mas que está longe de resolver todos os problemas da categoria.
Discute-se, agora, o caráter do movimento dos caminhoneiros. Há os que atribuem a iniciativa a líderes políticos, mas há um grande número de pessoas, famílias que se solidarizam com os manifestantes, em um sentimento de que está na hora do povo ir às ruas e combater o que está acontecendo de errado, levando em conta, ainda os últimos aumentos dos combustíveis, a elevação do custo da energia elétrica, a perda de benefícios previdenciários, o cancelamento de programas sociais, mudanças no crédito educativo, além de tantos fatos que são mostrados por aí.
Todos viam ou imaginavam a extensão da “greve dos motoristas”. Palpites de toda ordem, expectativas de desabastecimento, de falta de produtos. Hoje já existem dados, números, com indicativos de prejuízos econômicos decorrentes dos bloqueios. No Rio Grande do Sul, as cadeias produtivas de suínos e frangos de corte apontam prejuízos de 126 milhões de reais. A nível de País fala-se em perdas de 700 milhões de reais. Portanto, se a nossa economia já estava demonstrando fragilidade, os próximos três meses revelarão um quadro ainda mais delicado, pois nos números mencionados não estão computados os prejuízos do setor do leite, ovos, no comércio de hortifrutigranjeiros.
O leitor lembra também do tópico tratando do Instituto Gaúcho do Leite. Pois a mobilização da entidade já deu resultado concreto. A Conab (governo federal) confirmou a aquisição de 1.500 toneladas de leite em pó das indústrias gaúchas. O fato não atende o pleito das nossas agroindústrias, que tem um estoque de em torno de 4 mil toneladas de leite em pó, mas traz para as empresas (várias cooperativas) um recurso importante, como capital de giro. Fala-se em um montante de aproximadamente 15 milhões de reais.
O alívio é passageiro, mas existe a possibilidade de ampliação do volume adquirido pelo governo, projetando-se a utilização do alimento em Programas de merenda escolar, ou de fornecimento de gêneros para instituições oficiais.
EVENTOS
O mês de março tem no seu calendário de programações alguns eventos bem interessantes para o setor da produção agropecuária. Não-Me-Toque realiza, no período de 09 a 13, a EXPODIRETO. Dispensa comentários. Já Rio Pardo, sedia a EXPOAGRO Afubra, a partir do dia 20, na localidade de Rincão Del Rei. Avanços tecnológicos e novidades podem ser observadas nesses locais.