Arroio do Meio – A maioria dos cerca de 70 associados presentes na assembleia extraordinária do Sindicado dos Trabalhadores Rurais (STR) de Arroio do Meio autorizou a alienação dos bens imóveis do prédio do supermercado para a Cooperativa Languiru, de Teutônia. A entidade permanecerá com o terceiro piso onde fica o escritório e o imóvel do antigo fomento. A Languiru assumirá todas as dívidas com financiamentos feitos para ampliação, credores e trabalhistas.
No encontro a diretoria revelou que procurou a parceria com a Languiru em decorrência de dificuldades financeiras originadas pela falta do repasse total dos recursos prometidos pelo BRDE para concluir a construção e capital de giro – mais de R$ 1,5 milhão. Com isso o STR precisou buscar dinheiro em instituições financeiras comerciais onde a taxa de juros é mais elevada.
Estes fatores, somados a retração na economia e a chegada de novos concorrentes (supermercados Dália e Marel), tornaram a administração do negócio inviável. “Nossa meta de faturamento mensal para o pagamento da despesa fixa, que envolve o capital de giro, folha de pagamento e o financiamento, era R$ 1,8 milhão. Em 2013 a média foi superior de R$ 2,2 milhões, mas no segundo semestre de 2014 caiu para R$ 1,7 milhão, e caiu para R$ 1,3 milhão em 2015 […] só os juros pagos em 2014 superaram R$ 1 milhão”, detalhou a diretoria. Quatorze parcelas de um total de 96 foram quitadas. O débito com os bancos chega a R$ 10,7 milhões.
A dificuldade em manter um mix de produtos também foi apontada como fator para a perda de clientes. Antes disso o fomento agropecuário foi fechado, também pela falta de competitividade com as cooperativas e integradoras. O prejuízo mensal era de R$ 27 mil.
O consultor Valmor Mantelli, procurador do STR, avaliou que no mercado atual o varejo só é viável para as grandes redes ou estabelecimentos que estão vinculados à indústrias. A venda antes de uma inevitável falência evitará a depreciação do patrimônio e o aumento de dívidas, “no final de 2014 tivemos a informação de que a Languiru queria se instalar num município deste lado do rio […] eles já estão sendo nossos parceiros no abastecimento de mercadorias sem a assinatura de nenhum documento, e nós vamos ficar com o patrimônio”, reiterou.
Diversos associados levantaram dúvidas a respeito da prática de improbidade administrativa, apontaram falhas de visão estratégica, reclamaram da falta de transparência e ética política e criticaram o abandono do trabalho sindical de base. Porém, a grande maioria entendeu que a venda é imprescindível. Outra dúvida é se o STR ainda terá força sindical e se os associados terão benefícios com o negócio, como desconto nas compras do novo supermercado.
Controle de estoque e vendas
No início da semana o presidente da Cooperativa Languiru, Dirceu Bayer, já havia confirmado os avanços na parceria comercial com o Supermercado do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR). Na segunda-feira o presidente do STR, Pedro Kirsch, o procurador Valmor Mantelli, o prefeito Sidnei Eckert e o vice-prefeito Áurio Scherer, estiveram em Teutônia.
Conforme Bayer, a Languiru assumiu o controle de estoque e acompanha as vendas. “Fomos pegos de surpresa. O STR nos procurou alegando estar com dificuldades administrativas. Nos sentimos no dever de ajudar, pois muitos dos associados do sindicato são produtores da cooperativa, inclusive membros do conselho […] não vamos deixar faltar mercadorias”, garantiu.
A Cooperativa Languiru possui quatro supermercados. Sendo dois em Teutônia, no bairro Languiru e Canabarro, onde atende aos domingos pela manhã, e em Poço das Antas e Bom Retiro do Sul. Em Arroio do Meio ela possui 61 bovinocultores de leite associados, que representam 40% da produção municipal de 24 milhões de litros anuais produzidos por 460 produtores. Além de integrar suinocultores e avicultores.