“Se é para entrar na política e fazer tudo igual, não entrem. Deixem que eles façam”. Esta foi apenas uma das muitas frases de incentivo ditas pela comunicadora e especialista em redes sociais Karem Suyan, no seminário regional de qualificação política feminina, realizado no sábado, no Hotel e Restaurante Moinho da Luz. O evento foi promovido pelo diretório estadual da Mulher Progressista e coordenadoria regional do Partido Progressista (PP), com apoio da Fundação Milton Campos. A organização ficou a cargo do PP arroio-meense, presidido por Gustavo Kasper e do diretório municipal da Mulher Progressista, que tem Tereza Krein na presidência.
Durante as três horas de atividades, as mulheres tiveram uma verdadeira aula sobre igualdade de gênero na política. A palestrante apresentou dados que apontam a necessidade da ala feminina buscar seu espaço também na política. Dos 256 chefes de Estado do mundo, apenas 19 são mulheres, incluindo o Brasil. No Senado brasileiro as mulheres ocupam menos de 15% das cadeiras. São apenas 12. Na Câmara dos Deputados o percentual é ainda menor. 47 mulheres foram eleitas como deputadas federais, num total de 9,94%. Neste quesito o Brasil ocupa o penúltimo lugar na América Latina, estando apenas atrás do Haiti.
Na esfera municipal, a distribuição das vagas não é muito diferente. Dos 5570 municípios brasileiros somente 675 – 12% – tem uma mulher como prefeita. São 7646 vereadoras – 13,3% do total e em apenas 23 municípios brasileiros as mulheres são maioria no Legislativo. 24% dos municípios do Brasil (1325) não têm sequer uma mulher na Câmara de Vereadores.
Hoje o Brasil ocupa a 158ª posição no ranking mundial de participação feminina no parlamento. Para alterar esta realidade, Karem defende que é preciso ir mudando, mesmo que aos poucos, a cultura política dos brasileiros. Entre os principais entraves para a participação das mulheres na política, ela aponta uma cultura machista, na qual a limitação já inicia dentro dos partidos, onde os comandos geralmente são masculinos. Diz ainda que os interesses econômicos se sobressaem e enfraquecem as candidaturas femininas.
Para a palestrante, que já foi candidata a prefeita duas vezes, as mulheres precisam aprender a gostar do poder. Pela política ser um campo dominado pelos homens, a grade maioria das mulheres foi criada sem a chance de ter poder e que o poder é algo exclusivamente masculino. “O que temos em mãos com a política é o poder de mudar a vida das pessoas e perpetuar nossa própria história”, afirmou, destacando que uma pessoa é, no final, a história que ela tem para contar. “Tenham histórias para contar. A nossa história é imortal”, incentiva.
A presidente do Mulher Progressista Estadual, a vice-prefeita de Canoas, Beth Colombo, apresentou dados da pesquisa Mais Mulheres na Política realizada em 2013 pelo Ibope e o Instituto Patrícia Galvão e conclamou as mulheres a participarem da política como candidatas efetivas e não apenas para preencher a proporção exigida por lei.
O seminário contou com a presença de mulheres de mais de 10 municípios, incluindo a região metropolitana e teve na organização as Mulheres Progressistas de Arroio do Meio, coordenadas por Tereza Krein, a assessora parlamentar Méri Schmidt Bombardelli a coordenação regional do partido e diversos progressistas de Arroio do Meio. A abertura e o encerramento teve a participação especial da pianista Paola Müller, de Arroio do Meio.