A ansiedade pode ser pensada como um sentimento de medo e apreensão, como uma tensão ou um desconforto frente ao desconhecido ou a um perigo (real ou não). Ela é considerada normal e saudável quando ocorre diante de alguma situação que pode apresentar uma ameaça, cumprindo uma função adaptativa importante para a sobrevivência. Porém, ela passa a ser considerada patológica quando exagerada ou desproporcional em relação ao estímulo que a provoca ou quando interfere na qualidade de vida ou desempenho diário da pessoa. Mas, por que temos esse sentimento?
A humanidade foi sobrevivendo a muitos perigos. Nossos antepassados conviviam com animais ferozes, plantas venenosas, fome, conflitos tribais e muitas outras ameaças das quais era necessário se proteger. Conforme a psicóloga Grasiela Bolgenhagen Piassini, a custo desses sofrimentos, fomos desenvolvendo um mecanismo de defesa, o medo, para nos manter a salvo. “O medo se inicia quando reconhecemos uma ameaça, e se dissipa assim que ela passa, semelhante a ansiedade. Ela nos prepara para enfrentar as situações que nos desafiam ou nos preocupam, como provas, exames, falar em público ou um encontro com uma pessoa especial ou autoridade. Estão associados à ansiedade sintomas físicos, como aceleração cardíaca, suor nas mãos, necessidade de urinar ou até diarreia”.
Segundo Grasiela, quando estamos ansiosos nossa tendência é procurar riscos, que muitas vezes não existem, e acabamos distorcendo a realidade. Pensamos muito rápido, perdendo qualidade na percepção do ambiente a julgamos de forma errada informações do ambiente, e acabamos tendo pensamentos negativos e de fracasso. Esses pensamentos acabam criando um estado psicológico de autoboicote.
Dessa forma, não é incomum, mesmo sem motivos específicos, nos sentirmos sem esperança, pouco capazes e sem ânimo. Esses sentimentos acionam no nosso cérebro uma espécie de filtro, que faz nossa mente recordar apenas de certo tipo de informações, as negativas. É dessa forma que a ansiedade atua, priorizando a atenção a estímulos ruins.
“As diferentes formas de perceber o mundo são determinadas pela emoção. Quando nos sentimos ansiosos, em geral, não somos capazes de pensar em mais de uma opção e nem acreditamos que existem alternativas possíveis. No entanto, nos dias que estamos bem, otimistas, confiamos mais em nossa capacidade e ficamos mais abertos a pensar alternativas possíveis para nossas questões”, frisa a psicóloga.
Porém, o que se pode fazer? Grasiela lembra que a ansiedade patológica é tratável. “Quando ela é intensa, persistente e de alguma forma prejudica a vida cotidiana, pode ser perigosa e deve ser tratada. Existem remédios ansiolíticos muito eficazes, que associados à psicoterapia podem melhorar a qualidade de vida. Há várias técnicas psicoterápicas que ajudam a controlar os pensamentos disfuncionais e favorecem um viver com mais qualidade”. Salienta ainda que a psicoterapia atua tanto no sentido de identificar os pensamentos negativos e sua origem como no sentido de perceber novas formas mais sensatas de ver o mundo a nossa volta.

