Para celebrar a Semana da Família, ocorre amanhã, dia 15, a segunda edição do Encontro da Família. O evento que se realiza na Igreja Matriz de Arroio do Meio é organizado pela Pastoral Familiar, vinculada à paróquia. Além disso, busca repetir o sucesso do ano passado, lotando as dependências da igreja.
A programação ocorre durante a missa das 18 horas e contará com a participação do Pe. Érico Hammes, que é Doutor em Teologia e professor na PUC em Porto Alegre. O Pe. Érico esteve por duas semanas em Roma com o Papa – confira relato na página 03 -, sendo que foram somente cinco teólogos do mundo e ele representou a América Latina. Neste período, discutiram pontos importantes dos caminhos que a igreja deve trilhar daqui para frente.
Também haverá a presença do psicólogo e terapeuta Familiar, Cândido Lorenzatto, que intercalando as falas com o padre Érico, abordará o tema “A paz na família e na sociedade”. Além dos palestrantes, haverá projeção de músicas e mensagens no data show para receber o público e a participação do Coral Novo Brilho de Travesseiro, sob a regência de Paulo Haas. Em entrevista ao AT, Cândido Lorenzatto fala sobre a importância da família na sociedade e o maior desafio que ela enfrenta nos dias atuais.
AT – Qual é a definição de família para o senhor? E o que é uma família saudável?
Cândido Lorenzatto – Família é uma comunidade de afeto. Para ser saudável, além do afeto, deve existir respeito entre seus membros e liberdade com responsabilidade.
AT – Qual a importância da família na sociedade?
Cândido – Sua importância é fundamental. Não há instituição que possa substitui-la. É nela que o ser humano faz as experiências mais importantes de paz ou de guerra. A formação de uma personalidade sadia está, em grande parte, no alicerce familiar.
AT – Qual é o maior desafio da família hoje?
Cândido – Num mundo tecnologicamente evoluído, o maior desafio, talvez seja, a capacidade de comunicação entre os membros da família. A arte de bem viver é a arte de relacionar-se.
AT – Qual o principal inimigo da família e como combatê-lo?
Cândido – Certamente, não há um único inimigo (desafios) da família. Atrevo-me a indicar alguns: numa sociedade que incentiva o egoísmo (pensar somente em si), supervaloriza o material (compre, consuma) e prega a necessidade de prazer, a qualquer custo, só pode desafiar a convivência familiar sadia e saudável. Pensar em si é importante, mas não só em si, os bens materiais são necessários, mas não podem ser supervalorizados, o prazer faz parte da vida e é bom, mas não pode ser o único norte na vida. Cabe à família, especialmente aos pais, viver e transmitir esses valores no ambiente familiar.
A Igreja estuda a família em suas transformações
Segue abaixo relato do Sínodo dos Bispos, do qual o participou o Pe. Érico Hammes. Ele integra parte da direção geral de uma rede mundial de sociedades de Teologia Católica (International Network of Societies for Catholic Theology – iNSeCT). Na ocasião houve uma reunião administrativa de cinco representantes – América do Norte (uma representante dos Estados Unidos), Europa (o presidente da Sociedade Europeia de Teologia, Itália), um representante da África (Costa do Marfim), Ásia e Pacífico (um representante da Austrália), e Pe. Érico (pela América Latina).
“Entre os dias 05 a 19 de outubro de 2014, aconteceu uma reunião extraordinária dos representantes das diferentes Conferências Episcopais do mundo (um Sínodo extraordinário) para uma primeira etapa de estudos sobre as condições atuais das famílias diante da Igreja Católica. Esse mesmo estudo continuará em outubro próximo, nos dias 04 a 25 de outubro, num Sínodo Ordinário. O tema geral é a ‘Vocação e Missão da Família na Igreja e no Mundo de hoje’. Dentre os temas importantes debatidos, merece destaque a percepção da realidade familiar em suas transformações. A Igreja quer saber, ouvindo as pessoas, quais são as principais questões atuais da família. Ao mesmo tempo em que se alegra quando uma família está bem e quer apoiá-la para que seja ainda melhor, a Igreja nos dias atuais, reflete sobre as novas condições e procura encaminhar formas de acompanhamento. A grande mudança que se pode anunciar é a atenção e a acolhida para as transformações em curso na sociedade atual. Mais do que defender conceitos, a Igreja quer cuidar das pessoas e fazer todo o possível para testemunhar o amor de Deus em favor de todo ser humano em seu ambiente familiar e ser uma presença também nas novas formas e situações das famílias. O documento final de 2014, base para a continuidade em 2015, depois de uma análise da situação, de uma inspiração no Evangelho, na terceira parte sugere algumas linhas de prática: valorização das famílias, atenção para as situações novas de casais separados, divorciados, mães e pais com filhos sem família, e pessoas homossexuais. A mudança a ser sublinhada consiste, então, na forma de avaliar as transformações: a Igreja quer cuidar das pessoas e não condenar; quer aprender e não julgar de forma precipitada”.