A economia brasileira sempre teve uma dependência acentuada da produção agropecuária. A balança comercial vem demonstrando, ao longo dos anos, o peso dos produtos do setor primário, onde itens como grãos (milho, soja), fumo e proteínas animais (carne de frango, suínos e bovinos), têm contribuído positivamente para saldos favoráveis.
O Brasil assume cada vez maior importância, a nível mundial, quando o assunto é produção de alimentos, pois temos uma infindável capacidade para criar mecanismos, diversificar atividades, utilizando os extraordinários recursos naturais, com terras férteis, clima especial, água em abundância e tecnologias em contínuo processo de desenvolvimento.
Continuamos sendo a esperança de milhões de pessoas deste planeta que não dispõem de uma alimentação suficiente. E em que pese o rigor que certos países adotam para a liberação de importação de produtos, principalmente alimentos, sob o aspecto de sanidade, estamos criando situações diversas, novos itens, como ultimamente ocorre com o leite em pó, abrindo novos mercados para carne suína e de frango. E nos últimos dias surgiu uma informação muito interessante para um setor que poderá ser ampliado, por seu potencial de crescimento. Sucede que o Japão poderá vir, em breve, a comprar ovos do Brasil. Os aspectos burocráticos já estariam superados, sobretudo a aprovação das condições sanitárias brasileiras.
Segundo dados estatísticos, em 2014, o Japão importou 17 mil toneladas de ovos de vários países fornecedores, representando, em valores, em torno de 71 milhões de dólares. Caso o Brasil consiga confirmar esta parceria, a produção de ovos poderá ser um nicho muito rentável, tornando-se uma opção, alternativa, para muitos produtores da agricultura familiar, onde ainda se encontra mão de obra. Essa atividade acabará, igualmente, utilizando uma matéria-prima, que temos em abundância, que é o milho para a transformação em ração, agregando valor a um produto que em época de safras, excede o consumo em algumas regiões do país.
TEMOS QUE ARRUMAR A CASA
Pelo visto o cenário para a produção agropecuária no contexto internacional é favorável e oferece boas perspectivas. As maiores dificuldades que o setor primário está enfrentando estão relacionadas à política agrícola em execução no Brasil. Os custos de produção são muito elevados e os preços dos principais produtos não animam os agricultores, especialmente os jovens que tentam permanecer no meio rural.
No momento a estagnação dos preços, como do leite, frangos e suínos, e, em contrapartida as altas dos preços dos combustíveis, da energia elétrica, exigência de registro de máquinas agrícolas (tratores), elevação das taxas de juros nos financiamentos, a não disponibilização do crédito fundiário e suas restrições, tudo isso aliado ao fato de que em torno de 60% dos agricultores, pelo menos na nossa região, têm idade superior a 60 anos, preocupam muito a quem está vinculado ao meio rural. Fica difícil prever-se até quando teremos uma sucessão na propriedade rural produtiva.
E por falar em Crédito Fundiário ou Fundo Agrário ou ainda Banco da Terra, conforme antecipado nesta coluna na semana anterior, foram, de fato, anunciadas algumas novidades para o programa, pelo governo federal. Oportunamente, ou nas próximas semanas, será possível trazer informações mais claras e definidas.
CREDORES DA PROMILK – Assembleia não foi realizada
A anunciada assembleia dos produtores-fornecedores e credores da Promilk, que seria realizada na última terça-feira, não aconteceu. Não teve quórum suficiente, ou seja, o número de produtores que compareceram não alcançou o percentual necessário para validar qualquer decisão que pudesse ser tomada.
A próxima assembleia, já marcada para o dia 25, terça-feira da semana que vem, poderá ser realizada com qualquer número de presentes.
Os produtores ou credores vindos de regiões distantes, como do Alto Uruguai, não gostaram do que aconteceu, perdendo a viagem, longa e cansativa. Há poucas chances de os agricultores receberem o dinheiro correspondente à venda de leite para a empresa que se encontra em um Plano de Recuperação Judicial.