Arroio do Meio – A atual crise socioeconômica vem prejudicando vários setores da economia brasileira. Algumas fábricas concedem férias coletivas a seus funcionários e outras fecham, gerando demissões. Essa é também é realidade do Vale do Taquari. No entanto, em municípios como Arroio do Meio, a crise é menos presente. Apesar de haver demissões, algumas empresas contratam, como no caso da indústria, que é forte no município. No comércio, as vagas se mantém e na construção civil, bastante prejudicada, a perspectiva dos empresários é boa para os próximos meses. No setor calçadista a crise é sazonal.
Conforme a coordenadora do Sine de Arroio do Meio, Roseli Maria Volk, as demissões aumentaram de abril para cá. Apesar de algumas empresas estarem contratando, o número de demissões é maior que as admissões, ficando na proporção de 70% para 30%. Para não demitir algumas estão dando férias para os funcionários.
O município que é um polo no setor industrial, com grandes empresas instaladas, sempre atraiu trabalhadores de diversas partes do Estado, oferecendo bom número de vagas. Porém, algumas indústrias, a exemplo do setor calçadista, vêm demitindo nos últimos meses. “Esse setor (calçadista) está desligando. Algumas empresas de alimentação também. Recentemente uma delas demitiu 30 funcionários em apenas uma semana”, observa Roseli.
As poucas vagas oferecidas são direcionadas à indústria, para o trabalho braçal e ao sexo masculino. As empresas também estão mais exigentes na hora de escolher os funcionários. Roseli cita que pessoas com muita rotatividade de emprego não são selecionadas para as vagas existentes. “As empresas já avisam para não encaminhar aqueles com muita rotatividade”.
A coordenadora do Sine revela ainda que para economizar, as empresas estão demitindo funcionários mais antigos, que custam mais, pois possuem benefícios que os recém-contratados não têm.
Construção civil
Outro setor bastante prejudicado com a atual crise socioeconômica é o da construção civil. Mudanças no sistema de financiamento, taxa de juros e a crise fizeram com que o mercado se retraísse gerando demissões. Com 33 funcionários, a Construtora Hilgert, de Arroio do Meio, se viu obrigada a dispensar nove colaboradores. Conforme o proprietário, João Carlos Hilgert, a situação piorou de quatro meses para cá quando a oferta de trabalho diminuiu. “O mercado acaba se acomodando, o pessimismo assusta as pessoas que acabam segurando o dinheiro”, observa.
Porém, nesse setor, sinais de melhora começam a aparecer, já que o mercado tende a se adaptar à atual situação. Otimista, Hilgert diz que o pior já passou e não descarta a recontratação dos nove funcionários desligados. “O quadro está começando a mudar e o mercado deve melhorar já para o próximo mês”, enfatiza.
Conforme João Carlos, programas do governo federal como o Minha Casa Minha Vida, impulsionaram a construção civil elevando o preço do material e da mão de obra. No entanto, o valor do financiamento que é de R$ 90 mil, não acompanhou os preços praticados pelo mercado. “O preço é o mesmo desde o início do programa, já a mão de obra e o material subiram muito. Se antes era possível construir casa de 70 m² com esse valor, hoje se constrói metade”, argumenta.
Comércio
Situação inversa vive o comércio do município. O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Lair Fritzen diz que não têm números sobre admissões e demissões, mas afirma que o setor não está demitindo. Pelo contrário, há vagas para pessoas qualificadas. Ele revela que a mão de obra lojista migrou para as indústrias que oferecem alguns benefícios aos funcionários, como horário fixo e jornada semanal de cinco dias. “Muitos migram para a indústria pelo simples fato de não precisar trabalhar aos sábados”.
Indústria
Para o presidente da Associação Comercial e Industrial e Serviços de Arroio do Meio (Acisam) Adailton Cé, o município se encontra em situação privilegiada com surpreendentes níveis de empregabilidade, apesar das demissões. Disse que em 2014 o município foi um dos que mais empregou no Estado. Cita a indústria, o agronegócio, a agricultura e o cooperativismo, com as cooperativas Dália e Languiru, que fortalecem e fazem parceria com o setor rural, como segmentos propulsores da economia local.
Cé argumenta que para alcançar bons índices de empregabilidade é necessária uma sintonia entre Poder Público e a iniciativa privada qualificando a mão de obra local. Disse que a entidade vem trabalhando no desenvolvimento local juntamente com o Poder Público no sentido de trazer mais desenvolvimento para o município. “Se a crise persistir, Arroio do Meio será o último a sofrer”, sentencia.
Setor calçadista
O presidente do sindicato calçadista de Arroio do Meio, Gerson Brackmann, não gosta de falar em demissões no setor calçadista. Para ele, as pessoas estão fazendo a crise maior do realmente se apresenta. Quanto às dispensas no setor, ele diz que o mês de agosto é de entressafra, quando diminui os pedidos das lojas, obrigando as empresas a demitir. “Isso que está ocorrendo é normal. Diminuem os pedidos, as empresas demitem e voltam a contratar quando novos pedidos são feitos”.