Fraude do leite, do queijo, do Pronaf e agora mais uma fraude afeta o setor da produção primária. Adulteração de adubo (fertilizante), fato que está sendo investigado, mas já causou uma repercussão muito negativa, em várias regiões do Estado.
A impressão que se tem é de que há uma facilitação para que as falcatruas aconteçam e com muita frequência vitimando os pequenos produtores rurais, possivelmente pelo fato de o perfil do agricultor ser de boa fé, de boa índole, dando confiança a muitos malandros que têm esperteza, de sobra para aplicar os golpes nos humildes homens do interior.
Há alguns meses tenho alertado neste espaço de que existe um setor e uma atividade que precisaria ser observada com muita atenção, antes que se tornasse pública uma nova fraude. Suspeitas recaem sobre a indústria de fabricação de rações para animais, das diferentes espécies. Segundo fontes bastante bem municiadas, a falta de fiscalização estaria permitindo que as fórmulas constantes em rótulos do insumo não estariam retratando o verdadeiro conteúdo das embalagens. E aí não é difícil imaginar o volume ou a soma de dinheiro obtido com facilidade, considerando o grande consumo do alimento animal, principalmente nas cadeias produtivas de frangos (corte e postura), gado leiteiro e suínos.
COMÉRCIO DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS ESTÁ FREADO
Produtores rurais queixam-se da demora na liberação de recursos financeiros para a aquisição de máquinas e implementos agrícolas, através de empréstimos bancários, nas diversas linhas de crédito.
Informações dão conta de que financiamentos encaminhados ainda no mês de março, na Expodireto, por exemplo, não teriam sido autorizados e liberados. Este problema estaria acontecendo na Expointer, em Esteio, registrando-se interesse de compradores, que, todavia se deparam com essa dificuldade. A ministra da Agricultura está sendo questionada sobre as razões do fato.
A CRISE FINANCEIRA DO ESTADO
Em qualquer roda de conversa o assunto do momento é a crise financeira vivida pelo estado do Rio Grande do Sul. É possível perceber e escutar as mais diferentes opiniões e evidentemente, em tese, todos têm argumentos bem fundamentados.
O que é mais ou menos um senso comum, é de que a origem dos problemas do Estado já vem de longa data, possivelmente há mais de quarenta anos.
É também opinião muito difundida, e quase generalizada, que a história da dívida do Estado com o governo federal, decorrente de empréstimos feitos ainda na década de 1980, deveria ser objeto de uma auditoria e de uma análise aprofundada. Pois se o valor inicial do empréstimo teria sido de algo em torno de 10 bilhões de reais, e segundo noticiado, já teriam sido quitados ou pagos em torno de 22 bilhões e o saldo da dívida estaria ainda em 47 bilhões, as contas, sob o olhar de qualquer leigo, não podem estar corretas.
E quando se fala de concentração de recursos em Brasília, vem à tona, para reflexão, o que se comenta sobre a geração de divisas no Estado e que são destinadas à União. É no mínimo questionável a (in)justiça fiscal, pois não há igualdade no tratamento ou na redistribuição de recursos federais para os estados. De cada três reais que o Rio Grande do Sul destina ao governo federal, apenas um real retorna em investimentos ou em programas sociais. Enquanto isso há outros estados em que acontece a inversão destes dados, ou seja, recebem três reais para cada um real destinado ao tesouro da União.
O que acontece no momento é um episódio cruel. Não poder pagar salários para os servidores do Estado, deve causar uma aflição inigualável ao gestor. Mas também é inaceitável que o governo federal esteja comemorando o “perdão” de dívidas de vários países (africanos) estrangeiros e ao mesmo tempo fecha os olhos para o apelo de um Estado falido, bloqueando recursos, até insignificantes, diante dos valores injetados nas indústrias de automóveis, para mantê-las com saúde financeira. Milhões de gaúchos são reféns de atitudes e ações políticas.