Arroio do Meio – Em 12 meses, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula alta de 9,56%, o maior resultado desde novembro de 2003, quando ficou em 11,02%. O índice está bem acima do teto da meta de inflação do Banco Central, que é de 6,5%.
Uma vez que os juros tendem a “acompanhar” o comportamento da inflação, a presidência do Banco Central revelou que o atual patamar da taxa básica, de 14,25% ao ano, deverá ser mantido por período “suficientemente prolongado”. A manutenção é necessária para a convergência da inflação para a meta no final de 2016. Na prática, de acordo com economistas, isso quer dizer que a nova e endividada classe média vai continuar com os pés no freio diante do consumo.
No varejo essa mudança de comportamento já pode ser detectada desde o início do ano. Como a carne bovina ficou até 30% mais cara, devido ao custo e o período de produção mais elevado, o consumo dos cortes para churrasco e panela diminuiu entre 35% e 60%. Consequentemente, a população está optando em comprar mais carne suína e de frango, cujas vendas subiram na mesma proporção que a procura pela carne de rês diminuiu.
O sócio-proprietário do supermercado Marel, Ismael Jung, constata que diminuiu a encomenda de carnes para as confraternizações do meio da semana. Segundo ele, a aquisição de supérfluos, isto é, itens fora da cesta básica, também despencou. “O poder aquisitivo caiu, mas o movimento continua o mesmo”, revela.
O gerente do Supermercado STR/Languiru, Renato Fritzen, confirma a diminuição de procura pela carne de rês, mas ressalva que a venda de gêneros alimentícios não sofreu impactos negativos, ao contrário dos produtos de limpeza, que demandam de mais pesquisa e cautela nas aquisições.
O sócio-proprietário do Supermercado Arroiomeense, Eloi Bergjohann, afirma que o rancho do início do mês continua sendo feito da mesma forma, porém, na segunda quinzena os consumidores buscam suprir somente a necessidade. “A cotação da rês já começou a ceder, mas certamente voltará a subir nas festas de fim de ano, quando a procura aumenta. Também houve redução no consumo de frutas e verduras, que já ocupavam porcentagem significativa das compras”, detalha. Segundo Bergjohann, a comercialização de cervejas e bebidas caiu 15%.
Já o conselheiro do Cosuel, Rubino Rahmeier, acrescenta que além do aumento das carnes suínas e de aves, também cresceu o consumo de embutidos. “Uma opção de carne pura mais barata que o quilo do rês com osso”, complementa. Segundo Rahmeier, o preço dos hortifrutigranjeiros, que chegaram a ser denominados como vilões da inflação despencaram, pois a produção aumentou. “Algumas situações são cíclicas e determinadas pela lei da oferta e demanda”, observa.