A afirmação sintetizada no título deste tópico faz parte da manifestação do presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, referindo-se à possibilidade de acontecer uma paralisação dos caminhoneiros em todo o país, a partir do dia 9 de novembro próximo.
A ABPA já se mobilizou fazendo contatos e apelos aos órgãos do governo federal, Ministérios da Casa Civil, Justiça, Transportes e Agricultura, reivindicando um apoio no sentido de que não faltem esforços e negociações para evitar a paralisação e principalmente o bloqueio de rodovias. A entidade estima que neste ano, em função de uma greve dos transportadores, problemas decorrentes de enchentes que obstruíram estradas e ainda a mobilização dos fiscais agropecuários, do Ministério da Agricultura, em torno de 40 mil toneladas de carne suína e de frango deixaram de ser embarcadas para o exterior.
A Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav) também compartilha a preocupação da ABPA. Um executivo da entidade disse que “se os bloqueios de estradas se repetirem, só restará uma alternativa às indústrias do setor na atual conjuntura: fechar as portas e procurar outra coisa para fazer”, justificando que é difícil aqui conseguir os insumos, como o milho, além da alta carga tributária e o Estado ainda reduz os créditos.
O Sindicato da Indústria de Laticínios do RS (Sindilat) igualmente está atento e apreensivo com a nova possibilidade de greve dos caminhoneiros. “Trabalhamos com um produto perecível que tem que chegar à indústria no dia. Além disso, não temos margem sobrando e não podemos perder mais nada”.
Como visto, os setores produtivos, aí incluindo as cadeias do frango, suínos, gado de corte e o leite, que fazem parte do agronegócio e que ainda mantêm certa viabilidade, com resultados menos ruins, trabalham no limite. Qualquer evento que venha em desfavor desses segmentos ajudará para agravar ainda mais o quadro crítico da economia nacional.
O Comando Nacional do Transporte que articula a classe dos caminhoneiros tem com certeza a sua pauta de reivindicações com as devidas razões e justificativas. Os itens que compõem os custos operacionais fogem do controle da categoria, a começar pelos sucessivos aumentos dos combustíveis, que vem reduzindo as margens de ganhos, além das mudanças nas regras dos financiamentos, com taxas de juros cada vez mais elevadas.
Portanto, neste momento em que o país vem experimentando novos e auspiciosos mercados internacionais para os produtos da agropecuária, complicaria muito uma greve, independente de sua duração e abrangência. Os riscos são iminentes e tudo o que for possível para evitar o conflito deve ser tentado, pois todos sairão perdendo, sem perspectivas de ganhadores ou vencedores.
Fraudes na previdência
Nesta semana surgiram algumas informações sobre a possibilidade de fraudes relacionadas a concessões de benefícios da Previdência Social. Além de suspeições sobre modalidades de benefícios indevidos, aposentadorias, seguro (salário) desemprego, licenças de saúde dentre outros, há rumores de que os números em relação aos beneficiários rurais não estariam fechando.
Enquanto nas estatísticas do IBGE apontariam a existência de em torno de cinco milhões de aposentados rurais, a Previdência estaria com um cadastro batendo em um total de mais de oito milhões de beneficiários.
Onde é que poderia estar o erro? – O que pode ajudar a explicar esse fato talvez seja o processo do êxodo rural, ou seja, a migração da população idosa (aposentados), saindo do meio rural, principalmente os que não têm mais condições de realizar algum tipo de trabalho. Nessas circunstâncias, os aposentados rurais procuram os centros urbanos, onde ficam mais próximos aos serviços de saúde e outras formas de assistência social, supermercado, comunidades de igreja e assim por diante.
Acho que dificilmente encontrarão aposentados rurais que tenham benefícios irregulares. Pois sempre houve muita rigidez e forma criteriosa na análise da documentação de habilitação dos trabalhadores rurais.