Arroio do Meio – A alta do dólar, cerca de 40% no último ano, prejudicou alguns setores da economia brasileira. A compra da matéria-prima importada, cotada em dólar, aumenta consideravelmente o custo de produção do setor industrial, provocando retração. Porém algumas empresas aproveitam o momento econômico para aumentar seus lucros exportando seus produtos.
A Bremil, que exporta para 46 países, é um exemplo. A indústria, que produz aditivos para a indústria cárnica como proteínas de soja, condimentos, fumaças líquidas para defumação industrial e conservantes, tem como principal mercado o Brasil. Porém, a exportação representa uma boa fatia das vendas. Os principais clientes são Estados Unidos, Colômbia, Malásia, Panamá e Áustria, mas a intenção é crescer ainda mais abrindo novos mercados.
Conforme o trader responsável pelas Américas e Caribe, Rafael Arruda, a atual crise que vem afetando as atividades no Brasil não gera influência negativa no comércio exterior da Bremil. Pelo contrário, com a desvalorização do real frente ao dólar, insumos que são produzidos com custo em reais podem ser vendidos em dólar no exterior a preços mais competitivos. “Nosso momento na exportação é bom e vemos esta alta do dólar como uma boa oportunidade para crescermos no mercado externo”, explica Arruda.
Rafael afirma que a alta da moeda americana gera boas expectativas para este ano no que diz respeito ao comércio exterior. “Temos um plano de ação agressivo para nossas exportações. Nossa ideia principal é retomar clientes perdidos, ofertando preços mais competitivos graças ao atual câmbio favorável. A frequência das viagens ao exterior será intensificada. Também queremos abrir novos mercados, e para isso, estaremos novamente com um estande na IFFA, a maior feira para a indústria cárnica do mundo, que ocorre em maio em Frankfurt, na Alemanha”, enfatiza.
Exportar para equilibrar a receita
Produzindo produtos de limpeza, a Girando Sol exporta apenas 3% de sua produção. Países do Mercosul são os principais clientes dessa fatia de vendas. No Brasil a produção é destinada a estados como Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, além do Rio Grande do Sul.
Conforme o diretor Gilmar Borscheid, atualmente a exportação se tornou um bom negócio, lembrando que o Brasil é muito vulnerável a questões cambais. “Como estratégia, procuramos manter nossa balança comercial interna equilibrada entre o que importamos e exportamos. Em 2015, a desvalorização do real frente ao dólar favoreceu muito a exportação, consequentemente prejudicou as importações. Nas exportações tivemos um resultado 90% melhor do que o mercado interno”, revela.
O empresário se mostra preocupado com a atual situação econômica do país, já que há perspectivas de que o PIB deve cair 4% neste ano e as vendas no varejo 7%. “Dependemos do varejo e não nos sentimos confortáveis com estas informações. O ano será de grandes desafios”, observa.
Por outro lado, revela ainda que a Girando Sol vive um bom momento. Em 2015, o volume de vendas cresceu 3,48% apesar da insegurança econômica vivida no país. Para 2016, a expectativa de crescimento nas vendas é ainda maior, 4%. Borscheid diz que será um ano de muito trabalho, já que alguns clientes localizados no sul do país estão ajustando suas contas em virtude da retração do consumidor. “A crise gerou demissões em regiões como Caxias do Sul, onde o segmento metalmecânico está em queda. Em Rio Grande, a crise portuária repercute fortemente, pois afetou a fabricação de plataformas”.
Competitividade para driblar a crise
O empresário Paulo Weizenmann, da Júlia Calçados, exporta 60% de sua produção confeccionada em Arroio do Meio. Estados Unidos e Chile são os destinos. Ele explica que o momento é de recuperar clientes perdidos fora do Brasil em virtude do alto preço dos produtos nacionais. Comenta que o mercado está muito competitivo e para concretizar bons negócios é preciso reduzir a margem de lucro. “A venda em dólar não representa diferença muito grande em relação ao real. O segredo é vender em maior quantidade gerando assim maior lucro, já que o mercado interno está em queda em razão da crise”, afirma.