O momento de insegurança e instabilidade que o país inteiro vive nos campos político e econômico, vem causando reflexos das mais diferentes formas e não deixa também de marcar a sua influência no mercado dos principais produtos agropecuários, destacando-se o conceito da “lei da oferta e da procura”. A marca é a instabilidade nos preços dos produtos comercializados, com acentuadas variações, conforme a sua disponibilidade. Pois quando há uma oferta abundante, os valores despencam e ao surgir uma diminuição no volume de produção, a sua cotação sobe, com as consequências sentidas pelos consumidores.
Podemos ilustrar esta situação comentada com dois exemplos bem práticos e a partir daí outros casos vem à tona e à memória de cada qual. O preço exagerado do milho, segundo o setor das indústrias de rações. Acontece que a necessidade ou a demanda é maior do que a oferta. O preço foi às nuvens porque sentimos a escassez do produto no mercado. As empresas avícolas e de suínos estão recorrendo a importações não só para suprir a falta do insumo, mas também para puxar os preços para baixo.
Menciono também a cadeia do leite, para uma rápida análise. Depois de superar a fase crítica, do ano passado, com o surgimento dos escândalos de algumas indústrias, o leite voltou a contar com a credibilidade, a confiança do consumidor. Fez-se uma faxina no setor, o consumo reagiu e neste momento a produção reduz em razão dos fatores de clima e de pasto / alimentação dos animais. Consequência disso é um aumento no preço pago ao produtor.
A “surpresa positiva” que os produtores de leite tiveram quando receberam as contas do leite do último mês, está trazendo um pouco mais de ânimo e motivação para quem se dedica à atividade. Sabe-se que durante todo o ano passado, 2015, o preço do leite ficou praticamente estagnado. Mas o patamar atingido agora, significa uma pequena margem de sobra, considerando os elevados custos de produção, a partir das constantes variações dos preços dos principais insumos, como energia, combustível, fertilizantes, sementes, medicamentos, dentre outros.
Boatos preocupam
Dois assuntos diretamente vinculados à agricultura familiar, comentados nos últimos dias, passam a criar insatisfações antecipadas. A primeira é uma grande possibilidade da não continuidade do Programa Estadual de Sementes Troca / Troca. Há rumores de uma inadimplência de parte do Estado, deixando de pagar as sementes obtidas dos fornecedores, da safra 2014/2015. Completam-se duas contas não quitadas e as empresas que forneceram as sementes não estariam mais dispostas a um terceiro risco.
O segundo assunto refere-se à vacinação contra a febre aftosa que deverá acontecer no próximo mês de maio. O subsídio do Estado vem reduzindo ano após ano. De 100 doses por propriedade, enquadrada no Pronaf, baixou para 50, depois 30 e para este ano pode ficar em no máximo 10 unidades por produtor.
A meta da secretaria de Agricultura é dar como erradicada a doença no Estado, tornando-o “área livre”, fator que dá uma condição diferenciada quando se pensa em exportações de carnes, leite e derivados.
CAR
Dado divulgado nesta semana revela que não chega a 40% o percentual dos proprietários rurais que já fizeram o Cadastro Ambiental Rural (CAR). O prazo termina no dia cinco de maio. Portanto, falta pouco tempo.