Arroio do Meio – A criação de ovelhas vem ganhando espaço em pequenas propriedades do município. Hoje são 90 criadores com um rebanho aproximado de 2.500 cabeças. O mercado é bom, uma vez que a oferta de carne não atende a demanda do município e região. Por isso, os criadores conseguem um bom preço pelo quilo do animal, entre R$ 14 e R$ 20. Segundo o técnico em agropecuária da Emater, Elias de Marco, não existe uma raça predominante no município e sim um animal mestiço proveniente de uma mistura de raças.
De Marco explica que ovinos são animais de fácil manejo. De pequeno porte, podem ser criados em pequenos espaços e embelezam a propriedade. Além de ser uma boa fonte de renda, uma vez que o preço pago é considerado bom. “A carne é diferenciada e muito apreciada na região. Por isso, é uma boa opção de cultura”, observa.
Animais de fora
No entanto, alguns criadores estão se especializando buscando ovinos de fora do município, a exemplo do empresário Nélio Gabriel, que recentemente, adquiriu 10 animais – nove fêmeas e um reprodutor – da raça Santa Inês. Este último é filho de um animal premiado na Expointer chamado de Brad Pitt. Nélio não revela o preço pago pelos animais, se limita a falar que foram caros. Jovens, o reprodutor possui dois anos e meio e as fêmeas um ano.
O empresário comenta que, primeiramente, adquiriu os animais para ter um passatempo, um hobby, já que gosta de ovelhas. Explica que ovinos dessa raça possuem uma carne diferenciada, com menos gordura. “O sabor da carne é incomparável. Muito melhor que as outras raças de ovinos”, sentencia.
Cita ainda outra característica importante da raça, o rendimento da carne. “Essas ovelhas pesam mais de 50 quilos”. O empresário diz ainda que pretende qualificar-se na criação de ovinos participando de cursos promovidos pela Emater/Ascar do município.
Principal renda da propriedade
Noêmia Halmenschlager cria ovinos há 10 anos. Hoje possui 70 animais da raça Santa Inês na propriedade de seis hectares. A ovinocultura é a principal atividade da propriedade que também produz frango caipira. O espaço é dividido em piquetes, o que propicia melhor manejo. A comercialização dos animais vivos é o principal objetivo da criação. O valor varia de acordo com o tamanho e peso. Se a fêmea está prenha é ainda mais cara. “Não podemos falar em preço. Isso depende se é um animal grande, pequeno ou se está bem bonito. O valor é negociado na hora da compra”, afirma.
Noêmia cita que além de ser um animal dócil e bonito, o manejo das ovelhas é fácil. Porém, alguns cuidados devem ser tomados para que o rebanho se mantenha sadio. Cita como um dos principais, a desvermifugação que é feita a cada dois ou três meses. O assoalho das instalações é construído com ripas, distantes uma das outras, para que as fezes e urina não se acumulem no galpão. Para evitar problemas de fungos nos cascos, uma caixa de cal virgem é colocada na entrada do galpão. Assim, os animais ficarão com os cascos sadios e fortes. À noite, o rebanho deve ser recolhido para que fique abrigado, uma vez que ataques de cães ocorrem com maior frequência nesse período. “O ambiente não pode ser úmido para a criação de ovelhas”, explica.
Intenção é expandir
Cesar Majolo, do bairro Bela Vista, chegou a ter em seu plantel 110 ovinos. Pensou em desistir e até reduziu o número de animais em virtude do trabalho fora da propriedade como motorista de caminhão, uma vez que, consumia todo o seu tempo. Explica que o manejo exige dedicação e tempo, por isso, se tornou incompatível. Agora, trabalhando em um único turno, resolveu voltar a expandir a criação. Depois de reduzir o número de animais, voltou a adquirir fêmeas e machos e atualmente conta com aproximadamente 70 ovinos.
Na propriedade de quatro hectares, o criador possui em seu plantel três raças de ovinos, Texel, Santa Inês e Dorper. Tem essa última como a mais rentável, uma vez que é mais pesada e rende mais em carne. Há poucos meses adquiriu um reprodutor de Bom Princípio e não pretende parar por aí. Conta que está negociando outro de uma fazenda de Rio Pardo para melhorar o plantel. “Com seis meses, a Dorper rende aproximadamente 35 quilos de carne, enquanto que as outras dão aproximadamente 20 quilos”, frisa.
A intenção do criador é se aperfeiçoar realizando cursos direcionados à ovinocultura. Para tanto, construiu um galpão com capacidade para abrigar 200 ovinos. Nesse local pretende confinar os animais a partir dos seis meses de idade para que atinjam o peso ideal mais rapidamente.
Falta um veterinário – O criador observa que falta um profissional da área para auxiliar os criadores do município que são muitos. Disse que chegou a perder alguns animais no último ano por não saber o motivo da doença. “Morreram seis animais pois não sabia o que eles tinham. Cheguei a fazer algumas vacinas, mas não adiantou, pois não sabia a causa real da doença”, revela.
Comercialização – O criador comenta que na maioria das vezes vende o animal vivo, já que não possui estrutura para abatê-los. O objetivo é aumentar o plantel em 250 cabeças. Majolo estuda a possibilidade de entregar esses animais para um abatedouro de ovinos de Caxias do Sul, já que não existe na região um para esse fim. “Estamos entrando em contato e estudando a possibilidade de enviar esses animais para a Serra. É o mais próximo de Arroio do Meio”, enfatiza.
Alimentação – Por ter pouco espaço na propriedade, o criador suplementa a alimentação com silagem, farelo de soja e milho quebrado. No entanto a aquisição do trato diminui o lucro da atividade, uma vez que, cada animal consome, em média, 600 gramas do complemento. “Pago a saca de silagem R$ 8. Tudo isso é custo”, conta.
Comercialização da lã – A raça Texel é conhecida pela produção de lã. O criador conta que não há na região mercado para o fio e acaba jogando-o fora após a esquila. Ao contrário do método antigo no qual a esquila era feita com a tesoura, hoje é realizado com uma máquina própria para o serviço. Com isso, a esquila é realizada mais rapidamente, reduzindo assim tempo e custos. “Anteriormente pagava para pessoas fazerem o serviço. Eram profissionais que ficavam de município em município fazendo o serviço”, conta.