Arroio do Meio – A paralisação dos servidores do Detran, que dura mais de um mês, tem prejudicado consideravelmente os candidatos à primeira habilitação, renovação e reciclagem. Da mesma forma, são lesados os Centros de Formação de Condutores (CFCs) gaúchos, já que sem o exame o aluno não pode passar para a próxima fase, que são as aulas práticas.
No município, os candidatos para a prova teórica são os mais prejudicados. Há mais de um mês a prova não é realizada no CFC Arroiomeense, o único da cidade. O exame prático vinha sendo realizado com certa regularidade, com quadro reduzido de servidores, mas há duas semanas deixou de ser feito.
A atual situação obrigou a direção do CFC a tomar uma decisão inédita. Para poder realizar a prova teórica e dar continuidade no processo de obtenção da primeira habilitação, os candidatos estão sendo enviados a uma sala teórica em Caxias do Sul. Lá existe uma sala de prova teórica informatizada, na qual os candidatos podem realizar os exames mediante agendamento por parte dos CFCs. Ao contrário das provas teóricas escritas, que levam aproximadamente uma semana para a divulgação do resultado, na sala teórica a aprovação ou reprovação é divulgada logo após a realização do exame.
O sócio-proprietário do CFC Arroiomeense, André Schweizer, revela que essa foi a maneira encontrada para dar vazão ao número de alunos que estão esperando para realizar a prova teórica. Revela que a alternativa ameniza a situação, que prejudica tanto alunos como o centro. A preocupação maior é de que ao término da greve, haja um acúmulo grande de alunos agendando as aulas práticas, havendo sobrecargas. “O custo com o transporte fica a cargo do CFC”, informa.
Oportunidade de seguir em frente
Esperando há mais de um mês para realizar a prova teórica, a candidata Rakeli Pereira Duarte, de Linha 32, considera um absurdo as reivindicações apontadas pela categoria de servidores. Para fazer a prova em Caxias do Sul acabou perdendo um dia de trabalho.
Salienta que já poderia ter a CNH em mãos se não fosse a paralisação do Detran. “Tenho que aproveitar essa oportunidade que estão me oferecendo, pois não sei quando terminará essa greve”, observa.
Suelim Schmitt da Silva é outra candidata que foi à Serra para realizar o exame teórico. Conta que seu exame estava agendado para um dia após o término de suas aulas teóricas, mas foi suspenso em virtude da greve. Desde então vem estudando e revisando o conteúdo em casa por conta própria. “Essa paralisação é muito ruim. Estou estudando em casa para não esquecer o conteúdo que é extenso”, conta.
Detran divulga nota
Nessa semana o Detran divulgou nota sobre a greve dos funcionários da autarquia informando que o governo do Estado está se esforçando para chegar a um acordo com os grevistas, inclusive com diversas reuniões entre representantes do governo e do Sindicato, sem, contudo, chegar a uma solução.
“O Sindicato tem colocado como condição para o fim da greve o atendimento da pauta de reivindicações da categoria. Assim, a folha de pagamento contemplará os dias efetivamente trabalhados pelos servidores, até que tenhamos uma definição quanto à legalidade da Greve, ou a eventual composição quanto aos dias de trabalho paralisados.
Tendo chegado ao limite das possibilidades de composição, o governo aguarda o fim da greve e o retorno à atividade dos servidores, para o fim de que possam ser tomadas medidas em conjunto para o atendimento das demandas dos servidores, dentro das efetivas possibilidades do Poder Executivo Estadual”, diz a nota.
Pauta de reivindicações
O Sindicato dos Servidores do Detran-RS e Governo do Estado não entram em um acordo. A greve foi deflagrada no dia 11 de julho. Os grevistas reclamam de defasagem salarial e pedem reposição referente ao período de julho de 2012 e maio de 2015, que soma 26,75% no período, além do auxílio-refeição de R$ 19,09 por dia, sem coparticipação, para todos os servidores.
Ainda, de acordo com a categoria, eles enfrentam problemas estruturais, como a falta de locais adequados para a realização de provas práticas de direção, que hoje são conduzidas em locais sem banheiros. Para isso, eles defendem parecerias com as prefeituras.
Segundo a estatística divulgada nesta semana pelo Detran, 62,87% dos trabalhadores aderiram à paralisação, 12,24% estão afastados e 24,89% estão exercendo as atividades normalmente. Já o Sindicato estima que aproximadamente 90% dos funcionários tenham aderido à paralisação.
O Detran reforça, entretanto, que serviços de habilitação como aulas teóricas, aulas práticas de direção veicular, avaliação psicológica e exames médicos, continuam sendo realizados normalmente nos CFCs.