Arroio do Meio – O ano em que a Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro comemora o centenário também é marcado por outro fato histórico: no mês de outubro, faz 60 anos que a Igreja Matriz instalou o primeiro e remanescente relógio na torre.
O modelo eletromecânico EA1, equipado com sistema de badalar sinos em quatro fases, foi o 91º item fabricado pela Indústria de Relógios Schwertner, de Estrela, em 1956 e foi um dos legados de Monsenhor Jacob Seger à comunidade. Na época ostentar um relógio na torre era sinônimo de força da instituição e hoje faz parte do patrimônio histórico e cultural dos cidadãos.
A Schwertner chegou a fabricar 14 séries diferentes ao longo de sua história iniciada em 1924, totalizando mais de 200 relógios em igrejas e outros monumentos de diversos estados do Brasil. O último item foi desenvolvido em 1995 e era pra ser direcionado a um relógio de flores em Igrejinha, mas não foi instalado porque o sucessor Guido Theobaldo Schwertner adoeceu. O projeto acabou sendo concluído anos mais tarde pelo relojoeiro marques-souzense Dauri Klein. Foi instalado num monumento localizado na rótula instalada nas imediações do Parque Princesa do Vale, em homenagem ao inventor Bruno Schwertner.
A ligação de Dauri com o relógio da torre da Igreja Matriz de Arroio do Meio iniciou na década de 2000, quando Asselo Frehlich presidia a paróquia. Na época a engrenagem estava estragada e não havia mais esperanças para sua manutenção. A diretoria inclusive já tinha encomendado um relógio eletrônico de São Paulo, mas desistiu em decorrência do alto custo, e teve a sorte de encontrar um relojoeiro com a capacidade de consertar o item.
Segundo Klein a tecnologia eletromecânica é antiga, porém, muito eficiente. “A engrenagem do relógio opera mecanicamente, apenas há um motor elétrico que dá a corda. Ele tem autonomia de 10 horas”, explica. Segundo ele o modelo instalado na torre é de porte médio. A estrutura é dimensionada de acordo com o tamanho e número de sinos. Quanto maior, mais pesado tem que ser o martelo e mais forte o maquinário.
Dauri avalia que nos dias de hoje a fabricação e a instalação de um novo, considerando tempo e complexidade, custariam mais de R$ 150 mil. Quando eram fabricados em série tinham preços equiparados a três Fuscas zero quilômetro, numa época em que poucos tinham condições de comprar carros. “São relíquias e referências na cultura das pessoas e das cidades. O valor histórico e sentimental é muito maior”, apura.
Por meio de um contrato com a prefeitura, o relojoeiro realiza a manutenção do equipamento a cada três meses. Além do município, Klein presta serviços a instituições dos três estados da região Sul do Brasil.