O ex-ministro da Agricultura e presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal, Francisco Turra, é uma das autoridades mais conceituadas quando se trata do setor de produção agropecuária brasileira.
Em recente participação em evento promovido pela Dália Alimentos (Cosuel) com o propósito de debater o futuro da produção agrícola mundial, reunindo alguns especialistas da área, Turra afirmou que “o Brasil será o grande celeiro do mundo devido à oferta de recursos hídricos, grãos, terra, tecnologia e clima favorável. Nós temos 61% da nossa área preservada. Na Europa esse percentual é de apenas 0,3%. No continente asiático, onde existe falta de água, a oferta de alimentos depende de quem possa produzir”, observou.
A afirmação do ex-ministro, fazendo a projeção otimista em relação ao potencial do Brasil para a produção de alimentos nas próximas décadas, foi avalizada pelo diretor de nutrição animal da Cargil, professor Antonio Penz, ao dizer que “transformamos a república das bananas no maior exportador de frangos, fruto da modernização, da genética e sanidade”.
A produção do frango é destacada e evidenciada, levando vantagem sobre a cadeia de suínos e gado de corte, graças ao elevado grau de desenvolvimento de países do continente asiático e o fator religioso, uma vez que todos consomem carne de frango e têm restrições à carne suína e bovina.
Estima-se que em torno de um terço, ou mais ou menos 33% da população mundial nunca tenham consumido carne de frango, fator que dá uma ideia da capacidade de expansão da atividade. Seguem alguns números para um exercício de memória: no período de 1960 a 2016 a atividade de produção de frango cresceu 275%. Até 2025 o consumo interno brasileiro de carne de frango deve chegar a uma média de 54 quilos/pessoa/ano, fator que demanda em um aumento considerável da procura, pois atualmente o consumo está bem abaixo desta meta. Outra informação importante que contribuirá para a expansão da produção de frangos é a disponibilidade dos insumos básicos para a alimentação dos animais, a partir do crescimento da produtividade, na colheita de grãos, como o milho e soja. Enquanto a área cultivada aumentou nos últimos anos em 15%, a produção de milho cresceu 126% e a de soja avançou em 140%, graças às tecnologias empregadas, e o Brasil utiliza apenas 8% de sua área cultivável, portanto, um potencial de crescimento impressionante.
Os especialistas apontam ainda outra situação a ser considerada: afirmam que o processo de urbanização, ou seja, a transferência da população do interior para os centros urbanos provocará o crescimento do consumo. No Brasil, em 1972, apenas 53% das pessoas viviam na zona urbana. Hoje são 82%. Na China (país importador), 37% das pessoas vivem nas cidades e na Índia (outro mercado promissor) fica em redor de 20%, aumentando anualmente essa concentração e, conseqüentemente, o consumo. “Quem produzirá quando essa gente migrar para os centros urbanos? – Nós temos essa condição. O futuro do Brasil está na produção agrícola”, apostam os debatedores.