A Câmara da Indústria e Comércio do Vale do Taquari (CIC-VT) realizou na quarta-feira, um encontro na sede da Associação Comercial e Industrial de Arroio do Meio (Acisam) com o objetivo de preparar os líderes regionais para uma audiência pública que trata sobre a instalação dos pedágios na BR 386 a ser realizada em Porto Alegre no dia 16. Além do presidente da CIC-VT, Ito Lanius, autoridades regionais e empresários, esteve presente também a presidente do Conselho de Desenvolvimento do Vale do Taquari (Codevat), Cíntia Agostini.
A instalação de dois pedágios na BR 386 rendeu discussão. A notícia foi divulgada na semana passada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), e colocou a região em alerta. A presidente do Codevat observa que as entidades de classe precisam se unir a fim de trazer uma audiência pública para o Vale do Taquari para discutir o assunto. Observa que a implantação de um pedágio na BR 386 já era previsto, uma vez que o pedágio de Fazenda Vilanova foi desativado em 2013. “Sabíamos que não ficaríamos sem um pedágio nesse trecho. O fato que em vez de um, o projeto contempla dois pedágios”, ressalta.
Revela que já está com a minuta do contrato, que possui 200 páginas, em mãos. Observa que o mesmo deve ser avaliado com olho clínico uma vez que o prazo de concessão é de 30 anos. Investimentos em manutenção e modernização da rodovia merecem atenção especial, segundo ela. “Precisamos avaliar o número de obras, o número de pedágios e o valor da tarifa, bem como os benefícios para a população. É um contrato longo”, lembra.
Ito Lanius endossa as considerações da presidente do Codevat dizendo que a implantação de dois pedágios entre o Vale do Taquari e Porto Alegre onera o custo do transporte e de empresas que repassarão esses custos à população. Se mostra preocupado, pois a instalação dos pedágios pode inviabilizar o desenvolvimento econômico de todo o Vale do Taquari, uma vez que as empresas terão seu lucro reduzido e ainda pior, empresas podem deixar de se instalar na região. “A instalação de mais um pedágio acaba por ser mais um imposto. E já temos impostos que são destinados às rodovias a exemplo do Cide e do próprio IPVA. Impostos que estão sendo utilizados em outras áreas. A ineficiência do governo leva a isso. Por fim, todos seremos penalizados”, salienta.
O vice-presidente do Codevat, Sidnei Eckert, se mostrou apreensivo com a instalação de dois pedágios no trecho compreendido entre Lajeado e Canoas. “Temos que trabalhar a possibilidade de um pedágio, não dois. A região vai empobrecer. Qual empresa vai querer instalar-se aqui?”, questiona.
A aflição do empresário Henrique Purper, que trabalha no ramo gráfico, é quanto à competitividade. Como exemplo cita concorrentes instalados em regiões nas quais há menor número de praças de pedágios. “Como vou competir com quem não paga pedágio?”, argumenta.
Outra reunião para discutir o assunto será realizada às 9h30min de segunda-feira, no auditório do prédio 16 da Univates. Esta pelo Codevat. Neste encontro serão avaliados a minuta de contrato e o edital de licitação para definir a concessionária que vai administrar o pedágio. As informações servirão de base para as audiências programadas pela a ANTT.