A Emater/Ascar-RS implementou em 2016 o Programa de Gestão Sustentável da Agricultura Familiar em propriedades rurais do Rio Grande do Sul. O projeto que se estende até 2019 terá como meta beneficiar 40 mil agricultores em todo o Estado. Na região de abrangência da Emater Regional Lajeado, serão beneficiados dois mil agricultores ao longo dos quatro anos. Em Arroio do Meio o projeto beneficiará 60 propriedades. Em 15 o programa já está implantado.
O objetivo é promover a gestão e a adequação socioeconômica de propriedades rurais familiares, gerando conhecimento para projetar, monitorar e avaliar sistemas de produção de forma sistêmica. O projeto é dividido em três eixos. O primeiro se refere à capacitação de técnicos da Emater para atuar junto às propriedades.
O segundo eixo refere-se ao diagnóstico e plano de gestão. Tem como objetivo obter uma visão sistêmica da propriedade, das atividades, condições de relevo, solos, água, benfeitorias, criações, saneamento básico e ambiental. Também visa sensibilizar os agricultores para o programa de gestão. Nesse momento é levada em consideração a realidade e as tendências apontadas no estudo de situação, assim como as políticas públicas municipais, estaduais e federais. Outro ponto avaliado é a capacidade física e a mão de obra disponível, bem com a conservação e preservação de nascentes, matas ciliares, recursos hídricos entre outras.
O último eixo trata da execução do plano e acompanhamento nos estabelecimentos rurais familiares. Esse ponto consiste em elaborar indicadores técnicos econômicos, sociais e ambientais para monitorar e analisar os resultados, orientando para ajustes quando necessário e implantando unidades de referencias tecnológicas.
O gerente regional da Emater/Ascar, Marcelo Brandoli, explica que primeiramente é realizada uma seleção das propriedades para entrar no programa. Ser autosustentáveis é requisito obrigatório. “É necessário ter um bom pomar e uma boa horta. Essas são apenas algumas exigências do programa”, ressalta Brandoli.
Marcelo explica que o programa de gestão é gerido através de planilhas de custos, nas quais os produtores registram todas as atividades realizadas na propriedade bem como os gastos e o lucro real. Com isso, o produtor tem um diagnóstico da propriedade e pode investir em áreas que está tendo menor resultado. “Um exemplo disso é o produtor de leite. Em uma avaliação podemos perceber que alguns produtores estão tendo lucro maior e outros têm resultados menores. Aquele que tem maior lucro está fazendo gestão de forma correta”, observa.
O gerente aponta Arroio do Meio, Teutônia, Estrela, Cruzeiro do Sul e Santa Clara do Sul como municípios com setor primário desenvolvido e forte, com propriedades diversificadas e, em consequência, bem desenvolvidas. “Esse plano de gestão auxilia o produtor na atividade. Ele faz uma análise econômica da propriedade. Com isso, a família sabe quanto realmente sobra de dinheiro no fim do mês”, explica.
Propriedade é exemplo
Gervasio Gerhard, de Arroio Grande Superior, foi o primeiro selecionado do município para participar do projeto de Gestão Sustentável na Agricultura Familiar. As práticas adotadas na propriedade e projetos voltados à agricultura familiar já renderam à família o reconhecimento em âmbito nacional.
O agricultor conta que antes mesmo de entrar para o projeto de gestão, já realizava, de modo simples, anotações sobre a atividade, apontando gastos com insumos, óleo diesel, financiamentos, entre outras despesas. Agora com uma planilha específica para a atividade, espera um controle maior das despesas e das receitas.
A organização e a sustentabilidade chamam atenção. 80% dos alimentos consumidos pela família são produzidos na propriedade. Do pomar saem frutas como laranja e pêssego e da horta tomate, cebola, temperos verdes e saladas diversas. Carne, leite e ovos também são produzidos pela família que economiza no mercado. “Isso é gestão. Produzindo esses alimentos a família deixa de comprar no mercado. Isso é dinheiro no bolso”, observa o técnico em agropecuária da Emater/Ascar, Elias de Marco.
Gerhard conta ainda que cada integrante da família possui sua atividade na propriedade, o que facilita o andamento dos trabalhos. Um exemplo disso é o filho caçula. Gustavo, de 13 anos, além de outros afazeres, é responsável por lançar os custos e receitas na planilha em seu notebook. Sobre o programa de gestão, Gerhard diz que ainda é cedo para avaliar, mas concorda que um controle mais eficaz minimiza perdas e faz aumentar a lucratividade. “O programa é bom, pois com ele se tem maior controle de gastos. Porém é cedo para avaliá-lo”, afirma.
Metas do Programa em âmbito da Emater Regional Lajeado
Capacitação de 110 técnicos;
Inclusão de 2 mil agricultores;
Implantação de dois planos;
Implantação e acompanhamento de 110 unidades de referências técnicas;
Ampliação de renda das famílias em 20%.