Arroio do Meio – A retração econômica aliada à crise política que o país vem atravessando, trouxe prejuízos para vários setores da economia. Alguns demitiram e outros precisaram se adaptar a nova realidade financeira. Não foi diferente com o segmento de serviços. Para não perder clientes, alguns prestadores preferiram congelar os preços ou até mesmo reduzir os lucros, a fim de manter ou fidelizar clientes.
A regra é fidelizar o cliente
Em tempos de crise a palavra de ordem é atrair e fidelizar o cliente. E para isso, o preço precisa ser competitivo. Essa é a tática usada pela cabeleireira Sandra Luisa Henz, que mantém o preço do corte de cabelo em R$ 20 o masculino e R$ 30 o feminino há pelo menos dois anos. Trabalhando há sete anos na profissão, ela atua com mais três profissionais no estabelecimento que realizam cortes de cabelo, serviço de pedicure, depilação e massagem. “O número de clientes se manteve, porém devido à atual situação pela qual passa o país, as pessoas começaram a vir em intervalos maiores de tempo. Esse foi um dos motivos pelo qual praticamos o mesmo preço há dois anos”, revela.
Equilibrar os custos
O produtor de alimentos orgânicos, Cristiano Scheibler, possui uma propriedade na Cascalheira onde produz hortaliças variadas. Couve, tempero verde, brócolis, cenoura e cebola são algumas das variedades produzidas e comercializadas na Feira do Produtor. Para manter o preço em 2016 e atrair novos clientes, ele adotou uma estratégia: procurou aumentar a produtividade adotando técnicas específicas para cada cultura. Assim, pode manter os preços, uma vez que passou a produzir mais com o mesmo custo. Com isso, pode compensar o aumento no preço do combustível e das mudas que aumentaram por diversas vezes durante o ano. “Dessa forma pude equilibrar os custos. Foi uma estratégia para chamar o consumidor”, observa.
Reajuste aquém da inflação
André Weber trabalha há quase três anos com jardinagem e presta serviços em Arroio do Meio e cidades vizinhas. O rol de serviços inclui ainda limpeza de muros, grades e calçadas. O preço cobrado varia conforme os implementos utilizados: gasolina ou elétricos. André revela que possui um bom número de clientes fixos e, a exemplo de outros setores, a crise também o atingiu. “Devido à retração financeira que atinge nosso país, precisei manter o preço, que não foi reajustado no ano de 2016. Fiz um pequeno reajuste agora em janeiro, porém foi mínimo e não pude repassar o percentual da inflação”, afirma.
Negociação, a alma do negócio
Ao contrário dos demais segmentos, o ramo de comercialização de veículos usados teve recuperação em 2016. A informação é do proprietário de uma revenda de veículos, o empresário Ivanir Neumann. Ele conta que as vendas aumentaram em sua loja aproximadamente 20% em 2016, na relação com 2015. Por outro lado, conta que a negociação na hora de vender é fundamental. “Sempre damos algum desconto para atrair o comprador. A negociação existe”, conta.
Entretanto, ressalta que as despesas fixas tiveram aumento ao longo do ano. Cita água, luz, telefone e impostos como os vilões que reduziram a margem de lucro do negócio.
Menor margem de lucro
O setor de alimentação se manteve aquecido em 2016. A afirmação é de um proprietário de restaurante localizado no Centro de Arroio do Meio, Régis Ritt. Segundo ele, no ano que passou o movimento se manteve nos finais de semana e ao meio-dia, horário de maior movimento do estabelecimento. À noite houve uma pequena redução no número de clientes. Explica que devido à situação financeira do país não conseguiu repassar os custos para os clientes na totalidade. “Aumentamos os valores duas vezes em 2016. Porém, bem abaixo da inflação, pois sabemos que a atual situação financeira não permite a elevação dos preços”, revela.