A passagem do Dia Internacional da Mulher, que é celebrado na data de oito de março, foi marcado por manifestações contundentes, em forma de protestos contra a Proposta de Emenda Constitucional – PEC, que pretende alterar as regras da previdência social, em questões como a fixação da idade mínima para as aposentadorias, formas de contribuições, entre outros aspectos.
Aconteceram, na verdade, dois momentos fortes e distintos de manifestações de trabalhadores rurais, com a participação de setores dos trabalhadores urbanos. O primeiro ato, na terça-feira, em Lajeado, promovido pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Arroio do Meio, com extensão de base nos municípios de Capitão e Travesseiro, juntamente com o Movimento das Trabalhadoras Rurais, foi marcado por manifestações defronte ao prédio da Receita Federal, Agência do INSS e prefeitura. E na quarta-feira, dia oito, a Regional Sindical do Vale do Taquari realizou um grande ato de manifestações na cidade de Estrela.
A ênfase dos dois eventos foi mostrar para a opinião pública, as consequências que o projeto de mudanças poderá trazer para os trabalhadores, especialmente para as trabalhadoras e trabalhadores rurais. Pois o aumento de 10 anos, na fixação da idade mínima para a obtenção da aposentadoria pelas mulheres rurais, passando dos atuais 55 para 65 anos, é tido como desastroso para a categoria, como para um conjunto de situações, no caso a economia dos municípios, uma vez que um grande volume de recursos deixaria de circular. E a força de trabalho dos beneficiários rurais diminuiria muito com esta mudança tão acentuada.
Recairá sobre o Congresso Nacional a tarefa de decidir as mudanças que o governo quer ver aprovadas. A pressão é legítima e necessária. E é interessante destacar a possibilidade de ocorrer uma CPI, para apurar a “verdade” sobre o dito “déficit” ou “superávit”, que são entendimentos que se contradizem.
Há a crença e inclusive a afirmação de líderes dos trabalhadores de que os desvios de recursos da previdência para obras de impacto no Brasil, já teriam acontecido na época da construção da ponte Rio-Niterói. Talvez seja real isso, mas não podemos deixar de mencionar outros projetos que absorveram os recursos do INSS e talvez não fique de fora a realização da Copa do Mundo no Brasil, em 2014, os Jogos Olímpicos, a Transposição do Rio São Francisco, além de outros casos, como as obras que o Brasil patrocinou em inúmeros países do exterior.
Apenas para ilustrar, registro manifestação do prefeito de Porto Alegre, dizendo que faltam 285 milhões de reais para concluir as obras da Copa do Mundo, somente na Capital do Estado.
A maior safra da história
As projeções anunciadas pela Emater-RS, durante a realização da ExpoDireto, em Não-Me-Toque, nesta semana, indicam que a presente safra de verão será a maior da história do Rio Grande do Sul. O volume total de grãos deve chegar a 30,8 milhões de toneladas, sendo 16,8 milhões de toneladas de soja e o restante entre milho, arroz e feijão. Essa produção gerará, em termos de dinheiro, em torno de 29 bilhões de reais, mexendo, com certeza, na economia do Estado.
A performance da nossa safra agrícola trará um novo ânimo para os produtores, reaquecendo o mercado de máquinas e implementos. Há, no entanto, um fato que mostra certo desconforto neste “bom momento” do campo. Não temos capacidade para armazenar a produção. Esse despreparo é histórico no Brasil afora, onde as perdas de grãos são significativas, comprometendo resultados melhores.
Se avançamos em tecnologia de produção, precisamos aperfeiçoar o componente que é a infraestrutura, de uma forma geral.