O dia foi de luta, muito diferente do que vinha acontecendo nos últimos anos, quando as mulheres do meio rural de Arroio do Meio, Capitão e Travesseiro se encontravam para confraternizar. A necessidade de chamar a atenção da sociedade para as consequências da proposta da Reforma da Previdência fez com que as mulheres trocassem a comemoração do Dia da Mulher por um manifesto em Lajeado, na terça-feira.
A mobilização, organizada pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Arroio do Meio e o Movimento das Mulheres Trabalhadoras Rurais (MMTR) contou com o reforço de sindicatos urbanos, a exemplo do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Avícolas e Alimentação em Geral de Lajeado e Região (Stial). Homens e mulheres, do campo e da cidade, empunhando cartazes ou panelas e gritando palavras de ordem como “se o colono não planta a cidade não almoça e não janta”, percorreram as ruas centrais de Lajeado, fazendo paradas estratégicas, como na Receita Federal, na Câmara de Vereadores e no INSS.
Os trabalhadores se opõem à proposta da Reforma da Previdência, já que esta, da forma como está sendo proposta pelo governo federal, vai acarretar em fortes prejuízos à classe trabalhadora e também à economia dos municípios.
Entre os vários pontos rechaçados pelos agricultores, está o fim da condição de segurados especiais. Se a proposta de Reforma for aprovada sem alterações, os agricultores, que hoje se aposentam aos 55 anos se for mulher e aos 60 se for homem, passam a se aposentar somente aos 65 anos, mediante contribuição ao INSS. A classe entende que esta mudança é altamente prejudicial aos trabalhadores e à economia dos municípios, já que estes não terão o dinheiro dos benefícios circulando e ainda terão de arcar com a elevação nos custos da saúde. “Com a proposta da reforma, além dos 2,3% que é descontado do Funrural, ainda querem uma contribuição direta de cada pessoa da família, enquanto que hoje estamos enquadrados com a família toda pelo talão modelo 15”, frisou o presidente do STR, Astor Klaus.
As mulheres mostraram sua força, animando e encorajando o grupo a seguir firme na luta. Marlene Grassi salientou que é preciso lutar hoje para não perder direitos adquiridos no passado, lembrando que as mulheres tiveram participação decisiva na luta pela previdência nos anos 1980.
A manifestação durou cerca de três horas e reuniu centenas de pessoas. A comitiva de Arroio do Meio se deslocou com três ônibus, totalizando 110 pessoas. Representantes de Capitão e Travesseiro também se fizeram presentes.