No 25º Encontro de Secretários Municipais de Agricultura, promovido pela Famurs, na quinta e sexta-feira da semana passada, vários temas importantes e preocupantes foram debatidos pelas autoridades do setor primário.
Especialmente os municípios que têm na produção primária a sua expressiva fonte na composição do valor adicionado, têm dado importância aos debates e ações conjuntas, unificando esforços para fazerem frente a problemas de natureza diversa.
O mapa do Rio Grande do Sul vem mudando de forma célere, pois segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), nos últimos 10 anos, um total de 276 mil agricultores deixaram as propriedades rurais, abandonando as atividades da produção primária, por diferentes motivos. E esse contingente de pessoas foi parar em centros urbanos e parte deve ter migrado para outras regiões do país.
E na análise dos principais motivos deste êxodo rural do Rio Grande do Sul, os secretários atribuem o processo a razões como políticas não adequadas às necessidades dos pequenos produtores rurais, problemas de infraestrutura e em muitos locais as dificuldades de acesso à saúde, educação, às tecnologias de informação e dos próprios meios de produção.
O Estado contabiliza hoje um total de apenas 14,9% da população ainda fixada no campo. E o que preocupa muito é que 31,3% das propriedades rurais do Rio Grande do Sul estão sem perspectivas de terem a sucessão familiar, ou seja, tais imóveis deverão ficar sem utilização, sem produção.
E essa realidade, do desinteresse de pessoas jovens para suceder os agricultores que já estão em uma idade mais avançada, é um sintoma de que as comunidades rurais seguirão, em um ritmo acelerado, tendo um esvaziamento e consequentemente, municípios de pequeno porte tendem a sucumbir, economicamente, pois dificilmente conseguem encontrar atividades econômicas diversificadas que compensem a perda da produção primária.
A título de informação, há de se destacar que existem hoje no Estado 227 municípios com população de menos de cinco mil habitantes. Outros 104 municípios têm população de cinco mil a 10 mil, enquanto 123 cidades possuem de 10 mil a 50 mil habitantes, e com população superior a 50 mil habitantes encontramos 43 municípios.
Embora a agricultura familiar não tenha uma participação mais expressiva na utilização de mecanização ou participe menos na produção extensiva de grãos, por exemplo, deve-se salientar que 70% da produção de alimentos que acontece no Rio Grande do Sul, provêm do segmento da pequena propriedade. E mais de 74% da mão de obra no campo, envolve a agricultura familiar.
Além das abordagens de questões estruturais, os líderes e dirigentes das Secretarias de Agricultura do Estado, demonstraram apreensão quanto aos recentes escândalos que tem acontecido, principalmente no setor de produção de leite e mais recentemente envolvendo a cadeia da carne, atividades muito expressivas no Rio Grande do Sul, nos contextos econômico e social. Há uma convergência no sentido de serem desenvolvidas ações rígidas e severas de fiscalização e de penalização daqueles que se envolvem com procedimentos criminosos.
Pela informação, vários municípios da região não compareceram ao encontro referido, ou por não priorizarem o setor da produção primária, ou por se sentirem autossuficientes, dispensando a troca de experiências e as ações conjuntas que normalmente contribuem para o desenvolvimento de todos.