Nesta sexta-feira, 28, o Brasil se divide entre comemorar o feriadão do Dia do Trabalho ou participar dos atos de protestos contra as propostas de mudanças na Legislação Trabalhista e da Previdência Social.
Entidades classistas, sindicatos e federações de trabalhadores urbanos e rurais mobilizam os seus representados para reclamar e mostrar a sua contrariedade com os projetos do governo federal que, se aprovados, trarão impactos para milhões de brasileiros no que se refere à seguridade, previdência e também nas relações dos trabalhadores com seus empregadores.
Desde a promulgação da atual Constituição Federal, que proporcionou condições para um avanço nos direitos das classes trabalhadoras, não se tem vivido momentos de tamanhas incertezas quanto o atual, em que uma série de ameaças inquietam os beneficiários da Previdência Geral e os que são submetidos às regras da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Nós não podemos desvincular a insatisfação dos trabalhadores brasileiros com a grave crise moral e política que o país está a enfrentar nos últimos anos. Pois a corrupção, o desvio de extraordinárias somas de recursos, os maus exemplos de muitos políticos e empresários gera cada vez mais indignação no meio das classes menos favorecidas, porque parece que agora são essas que devem fazer sacrifícios e pagar uma conta que não é de sua responsabilidade.
Impressiona a insistência e a convicção das autoridades quanto aos resultados das propostas de mudanças defendidas. Vendem a ideia de que sem as reformas o país ficaria inviabilizado. Porém deixam de dar um devido tratamento às crônicas injustiças na distribuição de renda, considerando que há minorias com polpudas aposentadorias, intocáveis, enquanto o trabalhador teria que contribuir praticamente 50 anos para ter minguados benefícios que para muitos não cobrem gastos com remédios e alimentação.
O dia 1º de maio, segunda-feira, poderá ficar marcado na história recente, como o mais melancólico Dia do Trabalho vivido por muitos brasileiros. Não há muitas razões para uma comemoração festiva, a não ser para manter uma tradição tão somente. O drama da insegurança afeta muitos trabalhadores empregados, considerando a imensa massa de desempregados e com poucas perspectivas de uma reação das atividades econômicas que pudessem gerar novas vagas de ocupações. Aliás, existem informações de que empresas, de certas regiões do país, condicionam admissões a renúncias de direitos legais dos candidatos.
Esperanças na superação dos nossos problemas, evidentemente, existem. Mas não podemos imaginar e muito menos aceitar que, por exemplo, o escândalo da Lava Jato fique impune. Pois se a Justiça não conseguir uma apuração e uma punição exemplar, poucas instituições terão credibilidade para propor coisas sérias e pedir qualquer cota de sacrifício do povo brasileiro.
Problemas de uma grande safra
O produtor rural, falando do Rio Grande do Sul, vive a euforia de uma extraordinária safra de grãos, milho e soja, encontrando-se diante de um grande dilema que é a falta de condições de infraestrutura para o transporte da produção, o seu armazenamento e a remuneração aquém do esperado.
Mesmo que parte da produção seja consumida nas agroindústrias gaúchas, nas cadeias de produção de suínos e frangos de corte principalmente, há um excedente que encontra essas dificuldades de destinação.
Esses transtornos se transformam em perdas significativas para a economia do Estado, dos municípios e dos produtores que investiram para plantar e colher e no final os seus lucros se perdem pelo caminho.