A “economia” brasileira está comemorando o crescimento, positivo, do PIB (Produto Interno Bruto) no último trimestre, em 1%. Há muito tempo isso não vinha acontecendo e o fato é destacado e enaltecido como sendo um sinal de que finalmente o período recessivo estaria dando sinais de superação.
Não tem como não vincular esse desempenho positivo da economia brasileira ao comportamento da última, recente, safra agrícola brasileira, que superou qualquer expectativa. Pois no trimestre em análise, o agronegócio nacional registrou um crescimento de 13,4%, quando se sabe que no ano passado a atividade de produção agropecuária encolheu 6,6%, justamente em consequência da frustração das principais safras agrícolas, especialmente a do milho, um pouco menos a soja, cana-de-açúcar, entre outros produtos.
O peso e a importância do agronegócio são inquestionáveis e esse reconhecimento acontece na nossa região, nos nossos municípios, que tem expressão na produção de grãos, mas especialmente de alimentos, com ênfase para a proteína animal, onde as principais cadeias, de frangos, suínos, leite, ovos, ocupam uma posição relevante.
Tem-se percebido que novas apostas e ousados projetos surgem, com frequência, e investimentos vultosos são atraídos e aí cabe um registro para o empreendimento inaugurado há duas semanas na localidade de Canudos, com a capacidade de produzir 14 mil suínos por lote, com a mais avançada tecnologia.
Não é difícil fazer um exercício para projetar um possível retorno que esse grande projeto proporcionará ao município, dentro de pouco tempo. E aí se torna estranha e surpreendente a queixa do produtor em relação à falta de apoio do Poder Público local na implantação do estabelecimento.
E por falar em uma possível insatisfação de empreendedores locais, no setor do agronegócio, cabe lembrar de outro produtor que inclusive tomou uma atitude mais drástica em relação ao descaso ou pouca atenção aos seus pleitos. Está estruturando um grande investimento em um outro município da região, construindo, em uma área de terras recebida como incentivo, nada menos de 12 aviários (galpões), onde deverá produzir, por ano, aproximadamente um milhão e quinhentos mil frangos de corte. Com certeza o incentivo que esse produtor estava buscando, retornaria ao município em um período de dois a três anos, diferente de apoios concedidos a empresas que voltam em tempo bem maior, alguns chegando próximo a 20 anos.
Plano Safra 2017/2018
Dois aspectos a considerar sobre o Plano Safra 2017/2018 anunciado na semana passada: a manutenção do mesmo valor do ano passado, para a agricultura familiar, 30 bilhões de reais, e junto com o Plano, o anúncio de mudanças no Programa Nacional de Crédito Fundiário e a regularização de títulos de posse.
Uma das expectativas da agricultura familiar não foi contemplada, dizendo respeito à redução da taxa de juros dos financiamentos. São mantidos os mesmos níveis do ano passado, ou seja, 2,5% para produtos da cesta básica e 5,5% para as demais linhas de crédito.
No Programa de Crédito Fundiário, o teto foi elevado de 80 mil para 140 mil reais e a renda mínima de 15 mil passou para 30 mil reais/ano, mudando ainda os prazos de pagamento, de 20 anos para 25 anos.
Outra novidade é a criação do Cadastro Nacional da Agricultura Familiar (CAF), uma “Carteira de Identidade”, que pode substituir a DAP, vinculada ao Pronaf.