Tenho escutado diversas manifestações de produtores rurais no decorrer desta semana, após o anúncio do aumento das tarifas de energia elétrica, que atinge grande parte da nossa região, atendida pela concessionária RGE Sul, todas indicando para uma preocupação com os reflexos nos custos de produção.
O reajuste no percentual de quase 23% nas contas de consumo de energia a serem pagas em maio representa um expressivo impacto nos custos de produção industrial, mas também na produção agropecuária, onde a situação das principais atividades econômicas já vêm enfrentando uma série de problemas, com as sobras ou eventuais ganhos sendo cada vez mais exprimidos.
Todos sabem que a repercussão não acontece somente com as contas de luz. As suas consequências se “espraiam” através de uma cadeia de fatores ou itens, como as próprias contas de consumo de água, demais serviços e produtos que virão com os aumentos embutidos.
Para ilustrar o quadro de preocupações, tomamos como exemplo os produtores de leite. Passado o ano de 2017, que foi, possivelmente, o período mais grave na recente história da atividade, em crise, estavam aparecendo sinais de mudanças no panorama geral. Os preços pagos ao produtor começaram uma pequena reação, vindo a “empatar” entre o custo de produção do litro de leite e o preço obtido na venda.
O maior custo da energia volta a provocar um novo desequilíbrio na relação custo e ganho. E soma-se a este fator a evolução dos preços dos principais insumos utilizados nas cadeias de produção de leite, suínos e aves, atividades muito expressivas na região do Vale do Taquari.
A explosão dos preços do milho e soja, ingredientes importantes na fabricação de rações para o trato dos rebanhos, assusta os produtores, sendo prenúncio de um quadro muito sério para um futuro próximo na produção de alimentos. Tudo indica que a produção nacional não será suficiente para o consumo interno e os preços dos cereais estão altos a nível mundial. De pouco adianta pensar-se em importações, quando não existem possibilidades de encontrar-se condições mais favoráveis em termos de valores.
Há uma previsão pessimista para os dois próximos anos, em se tratando de estoques de milho em países de muito consumo, citando novamente a China. Lá utilizam o milho para a produção de combustível (etileno), existindo uma frota de mais de 300 milhões de veículos. Hoje já existe um déficit na sua produção e por isso a nossa safra, caso haja algum excedente, terá um mercado atraente.
Fazenda Estadual foi sensível
Está sendo solucionado o impasse gerado no ano passado, com a adoção de mudanças, pela Secretaria Estadual da Fazenda, nos lançamentos de débitos ou créditos, envolvendo entradas e saídas de animais (suínos e frangos) nos projetos de integração.
Em outros momentos falava dos enormes prejuízos que essa nova forma de lançamentos poderia provocar no valor adicionado da produção primária de todos os municípios da região que seria sentida intensamente no retorno do ICMS no exercício de 2019. Segundo o especialista na matéria, Silvino Huppes, “o Estado foi sensível e tudo está voltando como era antes “. Sem esse recuo Arroio do Meio estaria perdendo em torno de 50% do Valor Adicionado Fiscal do setor primário. Valeu a mobilização dos municípios, da Amvat e da Famurs, que agiram com os pés no chão.