Um grupo de 20 agricultores reuniu-se na tarde de quarta-feira no CTG Querência Arroio do Meio com objetivo de encontrar alternativas para o desabastecimento das propriedades rurais, considerado preocupante, ocorrida em razão da greve dos caminhoneiros que perdurou por vários dias. Participaram ainda do encontro o prefeito Klaus Werner Schnack, o presidente do STR Astor Klaus, o secretário da Agricultura Eloir Lohmann e o representante da Emater, Elias de Marco.
Havia um consenso entre a maioria dos agricultores que é momento de unir forças no sentido de superar a turbulência pela qual vive o setor em função do desabastecimento. A palavra de ordem é racionar alimentos destinados aos animais até que a entrega de ração seja normalizada, o que segundo produtores deve levar, no mínimo, 10 dias.
Em visita a propriedades rurais do município, o técnico da Emater/Ascar, Elias de Marco, revelou que alguns integrados estão alimentando os suínos com milho impróprio para o consumo o que pode trazer problemas ao animal. Cita o gado bovino destinado à produção de leite que, com alimentação em menor quantidade da ideal, perde peso e pode apresentar problemas relacionados ao cio devido a pouca quantidade de nutrientes ingeridos. “O setor primário está empobrecendo e precisa ser melhor valorizado. Há 30 anos o setor vem sustentando o Brasil que é um dos maiores produtores de alimento do mundo. Há cada quatro quilos de alimentos, um é produzido aqui”, fala.
Paulo Grassi aconselhou os produtores para que economizem alimentos destinados aos animais dizendo que o problema maior está por vir. Nesse sentido falou que a situação deve piorar ainda mais nos próximos dias, mesmo que ocorra a desmobilização da categoria dos caminhoneiros em razão da logística que deve levar alguns dias para normalizar as atividades.
Outra preocupação gira em torno dos animais que por ventura possam morrer por falta de alimentos. A orientação é que sejam levados para a Faros para o descarte. O secretário da Agricultura, Eloir Lohmann, salienta que o ideal é incinerar, mas a falta do equipamento no município inviabiliza tal prática. “Não temos a noção do volume de animais que possam vir a morrer. Quero acreditar que o número não será significativo”, argumenta.
Integrando o movimento de paralisação na ERS 130, o produtor de aves, Ricardo Leopoldo Liesenfeld, não escondia a indignação com a falta de apoio da comunidade e esperava a presença maior de produtores e de representantes de caminhoneiros e das empresas integradoras no encontro. Com documentos em mãos, ele demostrava o descontentamento com o baixo preço pago ao produtor citando que recebe pelo lote de animais R$ 10.336, praticamente o mesmo valor recebido há dez anos quando recebia R$ 9.769. “Não concordo com isso. É o momento do criador se unir e não deixar que isso aconteça. Vamos virar o jogo e fazer com que eles trabalhem para nós. Eles estão dando as cartas”, fala.