O cenário atual que a cadeia do leite apresenta, não é fato comum. Pois há a constatação de que tanto os consumidores quanto os produtores reclamam dos preços praticados. Afirmam os economistas que esta situação é uma decorrência dos efeitos da “Lei da oferta e da procura”, ou seja, quando diminui a oferta de produtos, os seus preços tendem a aumentar.
Bom, de parte do produtor de leite o quadro vivido não é novidade. Durante todo o ano de 2017, a atividade enfrentou uma crise prolongada, com uma remuneração bem abaixo da obtida em 2016. E neste primeiro semestre de 2018, não está acontecendo a esperada recuperação e os custos de produção continuam empatando com o preço pago pelas indústrias, ou seja, o produtor não encontra motivação para continuar investindo na sua propriedade.
A versão das indústrias de laticínios é de que a queda no volume de produção, no início do ano, se deu em função de um período de estiagem, resultando na falta de alimentos para o rebanho leiteiro. E mais recentemente, a paralisação dos caminhoneiros teve uma parcela de participação na diminuição da oferta do produto, pela impossibilidade de parte do leite produzido não ter chegado aos estabelecimentos industriais, refletindo ainda agora nos estoques reduzidos.
Tudo isso pode ser admitido como verdadeiro. Mas falta considerar um fator interessante, que é a desistência de um considerável número de produtores, deixando a atividade. A falta de estímulo, falta de perspectivas, a descapitalização e a indiferença dos órgãos governamentais que vêm tratando o setor produtivo com descaso, sem uma política que ampare a produção primária, especialmente de alimentos como é o caso do leite, começa a mostrar a face preocupante.
Esse clamor dos produtores que não foi ouvido durante um ano e meio impacta agora no bolso do consumidor, com tendência de piorar ainda mais, dentro de um contexto de instabilidade da nossa economia.
Consulta Popular
A expressiva participação dos eleitores de toda a região do Codevat no recente processo da Consulta Popular, para escolher os projetos prioritários para investimento de recursos do orçamento do Estado, no próximo ano, foi marcante. Mais de 25 municípios habilitaram-se a receber recursos, para as áreas da saúde, agricultura, segurança, dentre outras.
A mobilização da população regional demonstrou um certo grau de credibilidade no processo participativo. E esse crédito precisa ser preservado, sob pena de, no futuro, a postura das comunidades ser outra.
É preocupante o que ocorre com os recursos aprovados no ano passado. O governo do Estado acenou com a possibilidade de liberar os valores definidos no processo anterior, já nos primeiros meses deste ano, considerando, inclusive, o ano eleitoral. Uma segunda expectativa de liberação dos valores foi criada para o início do mês de julho, em curso, e até hoje nenhuma confirmação. Quem sabe, daqui a pouco não vão alegar que estando no período eleitoral, não pode haver o repasse de recursos.
Reativação da Associação de Secretários de Agricultura
Há cerca de 10 anos os então secretários de Agricultura dos municípios da região da AMVAT formavam uma associação bem ativa, tratando com muito esmero e de forma conjunta assuntos relacionados ao setor da agropecuária do Vale do Taquari.
A associação está sendo reestruturada e com certeza será um canal de grande valia para as demandas e necessidades da agricultura regional, com um grande peso na economia da maioria dos municípios.