Volnei Roberto Bergonsi, 51 anos, morador de Capitão, atua como motorista profissional há 28 anos. Iniciou a carreira no transporte de frangos, dirigiu caçamba em obras de infraestrutura e por 16 anos transportou cargas Brasil afora a bordo de uma carreta. Para ficar mais perto da família, há um pouco mais de três anos está atuando no transporte de ração para uma empresa terceirizada da BRF.
Na nova rotina Volnei acorda às 5h30min e trabalha das 6h às 14h. “Preferi ficar perto de casa. A valorização na estrada não é mais tão digna, precisa melhorar para compensar a dedicação. Não vi meus filhos crescerem, agora posso passar mais tempo em casa, me satisfaz mais. Antigamente não entendia como trabalhar em um caminhão truck podia ser viável, hoje vejo que é questão de administração e saber levar a vida. Ainda recebo muitas propostas para voltar a dirigir carreta, mas no momento estou feliz no truck”, revela.
Uma de suas indignações é com o excesso de cobranças com os motoristas profissionais, como exames toxicológicos e cursos específicos, o que segundo ele deveria ser estendido a todos os condutores de veículos para garantir um trânsito mais seguro. Bergonsi também acredita que deveria ter mais cordialidade por parte dos contratantes dos serviços em analisar a forma como os motoristas são tratados pela própria empresa que trabalham ou nas dependências internas das companhias. “Não recebemos vale-refeição e as vezes temos que esperar por horas, como se estivéssemos presos”, detalha.
Apesar de ser funcionário, Volnei gosta de manter o caminhão limpo. No mínimo limpar a sinalização e avisos na parte de trás da carroceria, como a de velocidade controlada de 60 km/h. “Muitos condutores perdem a paciência com caminhões pesados, mas o adesivo ajuda a lembrar que a maioria das rodovias da região e nas estradas do interior é proibido transitar acima dessa velocidade. Não podemos correr riscos de multas e nem de acidentes”, observa.
Casado com Marilúcia e pai de Carolina Luiza, Volnei ainda lamenta a perda do filho para um câncer aos 18 anos de idade. “Ele também queria ser motorista de caminhão, estava treinando e já dirigia melhor que eu”.