O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) iniciou a divulgação de algumas informações sobre o Censo Agropecuário realizado nos últimos meses do ano de 2017, cujo processo envolveu todas as pessoas que atuam no setor da produção primária.
É oportuno lembrar que o último levantamento ou pesquisa anterior aconteceu em 2006, portanto há 11 anos, período suficiente para que fossem apurados dados que impressionam e que chamam a atenção para inúmeros aspectos e que preocupam, sobretudo se pensarmos no futuro, na sucessão familiar do meio rural.
Antes de trazer à reflexão uma série de detalhes relativos às coletas e compilações de informações do censo em si, destacaria três pontos que poderiam servir para uma análise e consequentes projeções, dizendo respeito à realidade atual, embora não signifiquem a revelação de surpresas. Pois já vínhamos nos preocupando com isso e especialmente a agricultura familiar está tratando das situações com o foco voltado para a sobrevivência das pequenas propriedades e de atividades econômicas que são importantes no aspecto social das nossas comunidades.
Iniciemos com a confirmação do envelhecimento dos agricultores. Oitenta por cento dos produtores rurais têm mais de 25 anos de idade. Já o percentual de jovens na produção primária não chega, em média, nos municípios, a 10%. Em terceiro lugar indico o êxodo, a desistência de agricultores, chegando a somar em torno de 1000 unidades familiares por ano, na região do Vale do Taquari. No Estado do Rio Grande do Sul, no período de 11 anos, foram 248.074 pessoas que deixaram o meio rural, migrando para os centros urbanos, por razões diversas.
Concentração de terras
O Rio Grande do Sul tem hoje 365.052 estabelecimentos agropecuários, totalizando 21.680.991 hectares. Em relação ao Censo Agropecuário de 2006, essa área cresceu 6,7%, apesar da redução de 17,3% no número de estabelecimentos. As propriedades com 1000 hectares ou mais, tiveram um aumento de 697 unidades, passando de 2.843, em 2006, para 3.540 no Censo de 2017. E as propriedades entre 100 e 1000 hectares tiveram uma queda de 39,3% (2006), para 38,4% (2017).
Em nível de país, registra-se que dos 5.072.152 estabelecimentos rurais, as propriedades com até 50 hectares, representam 81,3% desse total, sendo tão somente 12% da área produtiva. Enquanto as 2.400 fazendas com mais de 10 mil hectares, que são apenas 0,04% do número de propriedades, ocupam 14,8% da área produtiva.
Ocorre, portanto, uma concentração de terras, onde as pequenas propriedades acabam sendo absorvidas e integradas a outras, onde a mecanização é introduzida. E neste aspecto vai mais um dado interessante, de que de 2006 a 2017, o número de tratores, no Brasil, cresceu 49,7%, chegando a 407.916 unidades, quando no período o número de trabalhadores reduziu em 10%, ou seja, em torno de 1,5 milhão.
E para encerrar este jogo de números, apenas mais o registro de que no Estado temos atualmente 41,1% dos estabelecimentos com acesso à internet. Assim, as conclusões podem ser as mais diversas e o tempo se encarrega de impor mudanças, às vezes não percebidas.